Pesquisadores brasileiros recriam perfume usado por Cleópatra

A partir da recuperação da fórmula por cientistas alemães em um artigo científico denominado “Eau de Cleopatra“, publicado em 2021, pela Universidade de Chicago, os pesquisadores brasileiros da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) resolveram recriar o perfume que teria sido usado há mais de três mil anos por Cleópatra, famosa rainha do antigo Egito. O projeto foi conduzido pela equipe do laboratório Quimidex, grupo de extensão e pesquisa vinculado ao Departamento de Química da universidade em julho de 2023.

Descrito em vários registros remotos, esse perfume, um dos mais famosos e exclusivos da região, era, provavelmente, fabricado na cidade de Mendes, região comercial onde se localizava uma fábrica de frascos de vidro para fragrâncias. Foi por meio de pesquisas de Dora Goldsmith, especialista em cheiros do antigo Egito, que foi possível a recriação da receita original.
A fragrância, constituída por canela, mirra e resina de pinheiro, era usada pela classe mais alta e pela própria Cleópatra, já que ela se interessava muito por essências aromáticas, conforme destacam os cientistas.

A atriz Elizabeth Taylor no filme Cleópatra

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Fragrância doce e amadeirada
“Especificamente no caso do Egito, eles usavam como base o óleo de balanos, de uma árvore conhecida como a tâmara do deserto (Balanites aegyptiaca), que praticamente não tem nenhum cheiro, e nele, cozinhavam a resina de pinheiro, a mirra, a canela acácia e a canela verdadeira. As duas canelas têm cheiros bem distintos, o da acácia é mais amadeirado e o da verdadeira é mais parecido com o da canela que usamos até hoje. A mirra tem um aroma adocicado, balsâmico, que, para muita gente, remete à uva passa. E tem ainda a resina de pinheiro, que dá um frescor”, destacou a química Anelise Regiani, coordenadora do laboratório. Ainda, segundo Regiani, a mirra era considerado o perfume dos deuses e, no caso dos faraós, para a personificação dos deuses na Terra.

Exposição “A química dos perfumes”
Com o resultado da experiência, os químicos da UFSC criaram a exposição “A química dos perfumes“, em cartaz no campus universitário. A mostra reconta a história do perfume desde os seus primórdios até os dias atuais, incluindo a perfumaria brasileira. De acordo com dados da consultoria Euromonitor Internacional, o Brasil é, atualmente, o segundo maior mercado consumidor de fragrâncias, ficando atrás somente dos Estados Unidos. Além disso, o setor é responsável por movimentação de valores expressivos, chegando a US$ 1,5 bilhão no ano passado.

Segundo a especialista, a palavra perfume vem do latim e significa fumaça. Relacionado aos tempos da descoberta do fogo, o nome deve-se a homenagens feitas aos deuses com a queima de plantas aromáticas.

Além de curiosidades e oficinas temporárias, as tradições e os hábitos culturais também são abordados na exposição. “A história da perfumaria no Brasil começa muito antes da chegada dos europeus e da família real. Vêm dos indígenas o nosso hábito de tomar vários banhos diários e de usar ervas cheirosas para o banho. Os africanos escravizados trouxeram os hábitos do banho de cheiro, de lavar o chão com água perfumada, de lavar roupa com água perfumada, que estão relacionados às religiões de matriz africana”, também relatou a química.

Para agendar a sua visita, entre em contato com o Quimidex pelo e-mail quimidex.visitas@gmail.com ou no telefone (48) 3271-4460. Mais informações no site.

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