As 10 histórias mais longas já escritas

[Traduzido e adaptado de Shortlist]
O relacionamento que cultivamos com a internet e as redes sociais tornou nossa atenção tão dispersa que até Onde está o Wally? parece uma leitura densa. Mas se você é daqueles que leu Guerra e Paz várias vezes e considera a Bíblia melzinho na chupeta em questão de tamanho, então esses 10 romances são a escolha certa. É evidente que a “densidade” de um livro não pode ser medida pela quantidade de páginas (quem já leu Clarice Lispector sabe que isso nem sempre é verdade), mas qualquer um que se aventurar pelas seguintes leituras já merece respeito eterno.

10 – Ponniyin Selvan (O filho de Ponni, em tradução livre), de Kalki Krishnamurthy

900.000 palavras/2.400 páginas

Publicado nos anos 50 e lançado em 5 volumes, esse romance histórico, originalmente escrito em tâmil, conta a história de Arulmozhivarman, um dos reis da Dinastia Chola, que comandou a Índia nos século X e XI. A escrita da história levou três anos e seis meses – o mesmo tempo que provavelmente levaria para que a gente lesse, sem considerar o tempo para aprender uma nova língua.

9 – Kelidar, de Mahmoud Dowlatabadi

950.000 palavras/2.836 páginas

Um romance persa famoso, Kelidar foi publicado em 1984 e narra a trajetória de uma família curda em Sabzevar (Khorasan) que lida com a hostilidade de seus vizinhos, ambientada nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial; uma época turbulenta para a política iraniana. Dowlatabadi levou 15 anos para escrever seu livro.

 8 – José e seus irmãos, de Thomas Mann

1.492 páginas

Escrito pelo alemão Thomas Mann, esse romance épico foi publicado em meio à guerra, em 1943, na Suécia. O livro reconta as famosas histórias da Gênesis – de Jacó a José – ambientado no contexto histórico do período de Amarna da história egípcia (por volta de 1300 antes de Cristo).  Mann levou 16 anos para escrever as quatro partes que constituem o livro em seu todo.

7 – Clarissa: ou a história de uma jovem, de Samuel Richardson

984.870 palavras/1.534 páginas

Um grande exemplo de romance epistolar – aquele escrito por meio de cartas ou páginas de diário –, Clarissa é um longo livro publicado em 1748, que conta a história trágica de uma heroína que é constantemente minada pela família.

6 – Minha luta, de Karl Ove Knausgård

1.000.000 palavras/3.600 páginas

Publicado no Brasil como uma série de 3 livros, Minha luta é uma autobiografia do autor norueguês que alcançou grande fama e notoriedade devido a sua honestidade ao tratar dos amigos, da família e das “banalidade e humilhações de sua vida”. Por enquanto, o(s) livro(s) vendeu por volta de 500.000 cópias na Noruega somente, uma para nove pessoas no país.

5 – Zettels Traum (O sonho de Fundilhos, em tradução livre), de Arno Schmidt

1.100.000 palavras/1.536 páginas

Arno Schmidt, junto com Hans Wollschläger foi desafiado a traduzir a obra de Edgar Allan Poe para o alemão, e, enquanto isso, decidiu escrever um romance sobre os problemas de traduzir a obra de Edgar Allan Poe para o alemão. É como eles dizem: é sempre melhor escrever sobre aquilo que você sabe.

 4 – O homem sem qualidades, de Robert Musil

1774 páginas

O romance, dividido em três livros, é uma “história de ideias” ambientada durante os últimos dias da monarquia austro-húngara, em 1913. Uma gama de importantes temáticas humanas são exploradas: verdade, opinião, sociedade, ideias e, de várias maneiras, previu os problemas com os quais a Europa teria que lidar depois de 1918. Infelizmente, Musil faleceu antes de terminar o romance e nunca alcançou reconhecimento enquanto vivo por ele, mesmo tendo passado 13 anos de sua vida escrevendo-o.

3 – Missão Terra, de L. Ron Hubbard

1.200.000 palavras/3.992 páginas

Publicado como uma série de dez livros e escrito pelo fundador da Igreja da Cientologia, Missão Terra é uma narrativa peculiar, reconhecida como “ficção científica satírica ambientada num futuro longínquo”, mas desprezada por críticos e até mesmo banida em alguns lugares.

2 – Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust

 

1.267.069 palavras/3.031 páginas

Elencado pelo Guinness como o romance mais longo já escrito, não há dúvida que a obra-prima de Proust também serve como um poderoso peso de porta, com seus 13 volumes alcançando quase 1.3 milhões de palavras. Seu tema da memória involuntária é repetido no curso da vida do narrador, da infância à idade adulta. Publicado entre 1913 e 1927, a obra tem profunda influência em trabalhos do século XX e é considerada o romance moderno definitivo por muitos estudiosos.

1 – Artamène ou Cyrus, o Grande, de Georges e Madaleine de Scudéry

2.100.000 palavras/13.095 páginas

Em termos de pura contagem de palavras, esse livro do século XVII esmaga a concorrência com mais 2.1 milhões de palavras formando seus 10 volumes. O trabalho é atribuído em sua capa a Georges de Scudéry mas a autoria costuma ser dada a sua irmã, Madeleine. O exemplo definitivo da forma roman héroïque, é um romance com diversas viradas na narrativa e muito suspenso. Apesar do tamanho, foi uma história extremamente popular em sua época. Um projeto acadêmico recente foi capaz de resgatar o texto, que não havia sido publicado novamente, e pode ser lido aqui.

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