Trabalhos imperdíveis do cineasta Ken Russel da década de 1960

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Ken Russell (1927-2011) foi um diretor de cinema britânico polêmico de muito sucesso no século XX. Conhecido como o enfant terrible do cinema inglês, Russell, que era fascinado pela música e pela arte, começou sua carreira como fotógrafo antes de trabalhar com documentários de TV, curtas-metragens e longas-metragens.

Como Russell trabalhou em muitos projetos que ajudaram a transformar a TV e o cinema britânico, não é muito simples fazer uma seleção de seus melhores trabalhos ao longo da sua rica carreira que durou várias décadas. Contudo, separamos alguns projetos, a maioria de filmes biográficos, nos quais Russell conseguiu deixar sua marca e assinatura na década de 60.

1- Antoni Gaudí (1961) — Um de seus primeiros trabalhos com as câmeras chamou a atenção da BBC ainda no final da década de 1950. Então, foi contratado pela BBC de 1959 a 1970, realizando ao total 33 documentários para a emissora pública de rádio e televisão do Reino Unido. Um desses trabalhos foi o “Antoni Gaudí”.

Filmado no início da década de 1960, foi a primeira vez que Russell viajou ao exterior para produzir um trabalho. O documentário evidencia Barcelona, um dos destinos mais quentes e famosos da Europa, através das obras e criações do inovador arquiteto modernista Antoni Gaudí.

2- Sempre no Domingo (1965) — É um curta-metragem de biografia dramatizada sobre o famoso pintor Henri Rousseau (1844-1910) —  conhecido popularmente como “Le Douanier” por conta de seu trabalho diário como funcionário da alfândega. Ridicularizado por muitas pessoas no início, a carreira de Rousseau começou tardiamente aos 49 anos.

“Sempre no Domingo” conta a vida de um homem que definitivamente ajudou a transformar a arte, influenciando personalidades como Pablo Picasso, Jean Hugo e outros do movimento surrealista. Além do mais, a abordagem de Russell sobre o assunto é definitivamente única.

3- O filme de Debussy (1965) — Russell conta a história de vida do compositor Claude Debussy (1862-1918) ao fazer um longa sobre um diretor (Vladek Sheybal) que está fazendo um filme sobre Debussy (Oliver Reed).

Dentro de uma fórmula complexa, mudando do passado para o presente e da ficção para a realidade com muita fluidez — que muitas faz o público perder a noção do tempo —, Russell consegue fazer um trabalho incrível que amplia a ideia do filme biográfico o máximo possível.

4- Isadora Duncan, a Melhor Dançarina do Mundo (1966) — Documentário/biografia dirigido e escrito por Russell, a obra começa com uma montagem de imagens aceleradas, música e manchetes de jornal que contam todas as histórias mais conhecidas sobre a brilhante dançarina Isadora Duncan (1878-1927) em apenas dois minutos.

A hora restante é gasta por Russell examinando o mesmo material com mais detalhe, tentando explicar as motivações por trás da vida e carreira frequentemente conturbadas da dançarina, transmitindo ao mesmo tempo suas ambições impossíveis e suas conquistas reais.

5- Mulheres Apaixonadas (1969) — Longa-metragem adaptado do livro homônimo de D.H. Lawrence, o filme foi muito bem recebido pela crítica e recebeu várias indicações ao Oscar, incluindo a única indicação de Russell ao prêmio de melhor diretor.

A história se passa no final da década de 1910 em uma pequena cidade inglesa e narra a história dos amigos íntimos Rupert Birkin (Alan Bates) e Gerald Crich (Oliver Reed) que iniciam romances com as irmãs Ursula (Jennie Linden) e Gudrun Brangwen (Glenda Jackson). Aliás, vale uma menção honrosa para Glenda, que foi premiada com Oscar de melhor atriz.

Depois que os casais oficializam suas respectivas uniões, eles vão para uma lua de mel conjunta para a Suíça onde as coisas começam em um clima descontraído. No entanto, elas se tornam cada vez mais complexas à medida que a viagem continua. Rupert e Ursula se mantêm firmes no relacionamento, enquanto o indiferente Gerald e a excêntrica Gudrun se voltam para o lado oposto.

Trabalho de Russell nas décadas seguintes — Na década de 1970, seu talento apesar de controverso realmente resplandeceu. Nas duas décadas seguintes, ele dirigiu uma sucessão de filmes notáveis em que parte deles os críticos rejeitaram, é verdade, mas muitos acharam fascinante. Ademais, ele será sempre lembrado como um artista visionário e polêmico, porém com um dom único em fazer dramas excêntricos — com imagens e temas que cativam o público até nos dias atuais.

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