“Tia Ciata – a grande mãe do Samba”: Nei Lopes conta histórias das negritudes brasileiras

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Cada história puxa um fio diferente. É isto que tenho percebido em nossa literatura brasileira contemporânea. Com o boom da literatura negra dos últimos anos, uma coisa fascinante que tem acontecido é a possibilidade de que um nome, uma história, uma vida traga também consigo outros nomes e outras histórias. Então, a história de negritude e resistência de uma pessoa, não se torna jamais apenas a história dela, mas uma história que resgata junto consigo outras narrativas apagadas pelas elites. É exatamente isto que acontece com a preciosidade de Tia Ciata – A grande mãe do samba, de Nei Lopes e Rui de Oliveira, publicado pela editora Nova Fronteira.

O livro resgata através de narrativas e ilustrações, o papel fundamental que a negra baiana que emigra para o Rio de Janeiro, Tia Ciata, ou só Ciata, ou Assiata se pegarmos a origem árabe, tem na fundação da cultura carioca, brasileira, principalmente do samba. Tia Ciata, pelos arredores do hoje conhecido Campo de Santana, foi uma agente cultural prolífica costurando roupas de baiana para teatros, abrindo sua casa para eventos de música e integrando diversas partes da cidade.

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O livro é escrito por Nei Lopes, músico, escritor e um dos mais importantes nomes da cultura brasileira da atualidade, e faz um resgate também dos nomes que foram surgindo por conta da atividade de Tia Ciata: Heitor dos Prazeres, Chiquinha Gonzaga, Sinhô, Pixinguinha, Ismael Silva, Plácida dos Santos. Nomes que produziram nomes que produziram cultura.

As ilustrações de Rui de Oliveira fazem uma fusão de duas identidades artísticas: a Belle Epoque e a Art Déco que, juntas, retratam não mais a cultura branca, das elites e dos salões, mas a cultura de rua e a cultura negra da Pequena África, região portuária do Rio de Janeiro que ficou conhecida como ponto cultural das manifestações artísticas e religiosas do povo negro liberto e ex-escravizado.

Tia Ciata é apenas uma voa que ecoa, uma caixa de ressonância e neste livro voltado para todas as idades podemos dar mais um passo em retirar essas histórias da invisibilidade. Tia Ciata contou uma geração inteira que agora é contada por Nei Lopes e Rui de Oliveira.

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