Leituras #33: Tintim na América, de Hergé

Autor: Hergé
Editora: Globo Livros Graphics, 2016
Tradução: Érico Assis

Quem conhece a dupla Tintim e seu fiel escudeiro cão Milu sabe que onde eles estão haverá aventura e confusão. Perspicazes e sem medo dos perigos, Tintim e Milu formam a destemida dupla amada e respeitada por quase um século ao redor do mundo. Criada ainda na década de 20 pelo belga Hergé, As Aventuras de Tintim hoje espalharam-se em diversas plataformas: cinema, desenhos, séries, entre outros. Uma coisa é certa: quem entra neste universo, nunca sairá igual, de aventura em aventura, Tintim conquista uma geração inteira.

As Aventuras de Tintim – Tintim na América, de Hergé, como o próprio nome diz, é uma incrível história em quadrinhos em que a dupla Tintim e Milu desembarcam nos Estados Unidos e na terra do Tio Sam vão enfrentar uma série de bandidos, vilões e “malfeitores”, como o próprio diz. Tintim, logo ao chegar aos Estados Unidos, é recebido pela máfia dos contrabandistas, principalmente das bebidas, no período da Lei Seca, e vai precisar enfrentar uma série de sequestros, atentados e, como sempre, disfarces.

O que mais se destaca na produção e Hergé é uma dinâmica que não se preocupa com os detalhes, mas com um alucinado ritmo, comum aos tempos modernos, e uma aceleração da ação que irrompe automaticamente em outra. Sem tempo para respirar, Tintim, Milu e, por consequência, o leitor, são levados de um lugar a outro, de uma ação a outra e nesta passagem, as aventuras se tornam quase seriadas, uma colada a outra, sem o fluxo comum das HQs que, em geral, abrem espaço para a contemplação das imagens. Em Hergé, a imagem não é autônoma, mas como um fotograma, elas nos empurra para a próxima, e para a próxima, e assim por diante. E no seguir contínuo se dão as histórias.

Hergé, em Tintim na América, apresenta uma visão um tanto quanto exótica dos Estados Unidos, o que ao mesmo tempo que nos permite passear pelo território, nos coloca nele assim como Tintim, um estrangeiro naquele espaço. O desconhecido, as regras locais, as idiossincrasias locais, todas elas nos colocam ao lado da personagem principal que, como nós, precisa enfrentar um mundo hostil. A sempre presente companhia de Milu, aventureiro e destemido cãozinho, também coloca um espaço de reflexão de Hergé, de alguém que, por não falar, pode observar e comentar a ação que nos é apresentada.

A primeira versão de Tintim na América, segundo consta na edição, foi publicada em forma de série em um suplemento de um jornal belga, em 1932 e, posteriormente, em 1934. A edição que chega até nós pela reedição da Globo Livros Graphics é um fac simile da terceira edição. Isto é importante, pois no coloca e perspectiva com o exato momento em que a obra é concebida, produzida, publicada e como, logo em seguida, ela se perpetua no formato em que conhecemos atualmente.

Tintim na América é um quadrinho que você vai devorar. De qualidade e velocidade incríveis, a obra se torna um relato de uma das figuras mais conhecidas do nosso século. Tintim, parte de nossa cultura, agora recebe um tratamento especial. Vale a pena a leitura!

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