Durante 1 ano e 5 meses internado no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Luziânia, em Goiás, um adolescente de 17 anos escreveu sua própria história, a autobiografia denominada “O Príncipe das Grades”.
Em entrevista, ele contou que começou a escrever após as aulas de Educação para Jovens Adultos (EJA) no Case. No livro, que também conta com ilustrações, ele relata o abandono na infância, as dificuldades financeiras, o uso e tráfico de drogas e descreve o cotidiano como reeducando.
O incentivo e o auxílio na publicação foram da juíza Célia Lara, do juizado de infância. Após se sentir encorajado e reconhecido, o rapaz pretende seguir a carreira acadêmica.
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“Trabalhar, comprar uma casa, terminar meus estudos, fazer uma faculdade de direito. [Quero ser] juiz. Estou me inspirando na ‘doutora’ Célia”, revelou o autor do livro ao ser questionado sobre os planos para o futuro.
O príncipe das grades
A juíza contou que a história seria compartilhada com os outros membros da instituição, mas muita gente se interessou e através de mobilização foi possível imprimir 800 exemplares. O lançamento ocorreu no Fórum de Luziânia no mês passado.
“Foi tudo de repente. Eu comecei a escrever, entreguei para algumas pessoas lerem. Essas pessoas se interessaram e acreditaram no talento”, destacou.
Segundo com a pedagoga e coordenadora do Case, esse foi um caso diferenciado, pois devido à alta evasão escolar e à falta de motivação grande parte dos adolescentes não conseguem retomar os estudos. A superintendente da instituição reforça que é possível a mudança de comportamento dos reeducandos e vê no adolescente um exemplo disso. A oportunidade, o exemplo e o estímulo podem ser fatores determinantes para transformar essa realidade.
Uma história incrível, não?
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