As 30 melhores frases de Laicus, de J. M. Beraldo

Após uma noite cujos próprios atos o atormentam a cada minuto do dia, Bernardo de Andrade larga a batina e parte para o Rio de Janeiro para cumprir sua última missão para sua rainha.
É 1810, dois anos após a chegada da Família Real Portuguesa a antiga colônia do Brasil, foragidos da guerra contra Napoleão. Na colônia tornada capital do reino, Bernardo encontra uma rainha louca, um regente desinteressado, uma princesa traiçoeira e um mistério antigo que envolve o inacreditável. Forçado a aceitar sua nova residência nos trópicos, Bernardo se vê enfrentar o caldeirão de culturas e mitos das ruas do Rio de Janeiro, e verdades que homem algum deveria conhecer.
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O NotaTerapia separou as melhores frases da obra. Confira:

Os primeiros raios de sol refletiam na superfície ondulada do oceano, manchando as águas de fogo. É o próprio inferno, pensava Augusto.

Aquele dia era Dia de Todos os Santos. Quem sabe talvez eles o perdoassem pelo pior de todos os pecados?

Bernardo estava sonhando com ossos espalhados pelo chão de uma igreja quando o disparo do canhão o despertou.

— É costume dos colonos levar suas fezes para passear?

Como se já não bastasse o clima aterrador do Rio de Janeiro, os colonos o observavam como se fosse ele o ser estranho.

Uma pessoa sensata não discute com um príncipe, mesmo um sem um reino de verdade para governar.

— Ela acredita que estamos no Inferno. – Dom João atacou a mosca com uma coxa de galinha, então limpou o suor na testa com a manga da roupa. – Alguma vezes estou inclinado a concordar.

Rasgou a costura do bolso da camisa usada e retirou de lá o pequeno livro. Tocou o fecho de metal. Não o abriu antes, não o abriria agora. Os segredos ali contidos não pertenciam a ele.

— Antes o frio da noite do que o toque febril do espírito de meu pai.

Bernardo sentiu um calafrio ao lembrar-se de onde tirou aquele diário. O cheiro de morte antiga veio ao nariz e ele não sabia se estava nas páginas ou em sua memória.

– Me diga, senhor Bernardo, por que o senhor deixou de acreditar?

Diferente da noite, os sons do Rio de Janeiro diurno eram vivos e misturados. Vendedores, libertos e escravos caminhavam pelas ruas bradando produtos e valores. Quando um encontrava o outro pareciam gritar mais forte, fazendo uma competição amistosa que envolvia piadas, músicas e ofensas. Pego entre dois vendedores de bananas, Bernardo pensou que ficaria louco. Acelerou o passo, a cabeça latejando.

Dizia-se que Carlota tinha tanto fogo em seu coração que precisava bufar de vez em quando para não arder em chamas.

A polícia vinha a passos largos, porretes nas mãos prontos para fazer justiça.

— Ninguém quer mudanças. Não de verdade.

Talvez alguns dos edifícios fossem usados para produzir e estocar o sabão que dera nome a rua. Mas, pela aparência da rua, o sabão era todo destinado à exportação.Se as ruas do Rio de Janeiro não eram limpas, a Rua do Sabão era imunda e mal preservada.

As festas e banquetes eram apenas a desculpa para mais uma reunião onde intrigas e golpes eram tramados.

— O senhor crê que o campo de batalha que conheceu em Portugal era letal, mas isso é apenas porque não conheces as intrigas da corte.

— Há coisas muito maiores acontecendo no Rio de Janeiro, senhor Bernardo. Coisas ocultas dos olhos daqueles que não prestam atenção aos detalhes.

Onde não havia médicos de verdade, surgiam os barbeiros. Seu trabalho era muito mais do que apenas cuidar da higiene da população.

— Cê qué ajuda, mas precisa acreditá. Cê acredita, fio?

— Entenda: aqui não é Portugal. Não é a Europa! É um novo mundo.

O vulto de fumaça tinha o tronco e os membros longos demais. Os cabelos do vulto eram revoltos, espichados para o alto, em movimento como chamas negras. Os olhos ardiam como sois.

O trabalho da polícia do Rio de Janeiro envolvia uma infinidade de tarefas, mas aquela não era parte delas. Viana o estava extorquindo, exigindo dinheiro para atuar, ele e seus homens, como capangas de aluguel.

— Num é dinhêro não, sinhô. É que num si mexe com essas coisa, com esprito de genti morta.

— Seja o que for, vamos logo. Logo a polícia vai aparecer e eu não acho saudável uma troca de tiros no meio da rua.

— Ai, diacho! Tá bom! Eu levo o sinhô! Mas si ele me virá em fantasma eu volto pra puxá o pé do sinhô!

— E dizem que os orixás iorubá são santos, e que a mãe de Jesus era virgem. Nem tudo o que se diz por aí deve ser acreditado.

— Sugiro que você leia sua Bíblia mais atentamente. Talvez se surpreenda.

— Não há salvação naquelas páginas, meu filho. Apenas danação.

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