No fim do mês de março, foi inaugurado o Centro de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas do Brasil. A iniciativa será coordenada pelo Museu da Língua Portuguesa (MLP) e pelo Museu de arqueologia e etnologia da USP (MAE-USP) e será financiada pela FAPESP com o montante de R$ 14,5 milhões.
O principal objetivo do Centro é pesquisar e documentar tudo que estiver relacionado às línguas faladas pelos povos indígenas e desta maneira poderá contribuir para a preservação da diversidade e das culturas dos povos originários.
Com o fomento da FAPESP, poderão ser financiados estudos inéditos e intercâmbios entre pesquisadores e as comunidades indígenas. Umas das principais ferramentas que será compartilhada com a sociedade é um acervo digital, composto por textos, áudios e vídeos, além de outras produções que apresentam as manifestações destes povos, de maneira inteiramente gratuita.
Vale ressaltar que os trabalhados do Centro de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas serão liderados por pessoas indígenas, que definirão o que poderá ou não ser trazido a público, sempre pesando pela preservação dos povos originários e de suas tradições.
Os idiomas indígenas do Brasil
Apesar da língua oficial do Brasil ser o português, existem mais de 274 idiomas falados por 305 povos diferentes, segundo dados do Censo 2010 realizado pelo IBGE e a estimativa é de que 20% dessas línguas nunca tenham sido estudadas e podem desaparecer.
Com a produção deste acervo, poderão contribuir, estudiosos na área da Linguística, bem como da área de Antropologia, com o registro de manifestações culturais e saberes ancestrais nas diversas áreas do conhecimento.

Durante a cerimônia de inauguração do Centro, esteve presente autoridades representantes das instituições e a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, que declarou:
“O Centro nasce do encontro de instituições que compreendem o valor que os povos indígenas carregam. Língua não é só estrutura gramatical. É território, é identidade, é forma de viver e sentir o mundo. Por isso, este centro nasce como semente que vai germinar conhecimento, políticas públicas, materiais pedagógicos e, acima de tudo, reconhecimento”
Ao firmar este acordo com a FAPESP, o Ministério dos Povos Indígenas firmam um acordo de cooperação que fortalece pesquisas e a difusão de saberes originários, que podem contribuir imensamente com a produção de conhecimento para um Brasil que valoriza saberes milenares.