A Náusea, de Jean-Paul Sartre, é uma obra sobre um homem que em diversos momentos de seu cotidiano é tomado por uma espécie de mal estar súbito, físico e psicológico, que lhe toma o corpo e as ideias. Esta Náusea, que lhe leva a ter ataques quase convulsosm beirando uma crise epilética, se torna, aos poucos, a forma preponderante da visão que esse sujeito obtém daquilo que é a matéria, a vida e a existência. E como seria se imaginássemos através de imagens?
A artista petropolitana Ingrid Bortolotti aceitou a missão e, se utilizando dessa imagem fugidia, desta sensação imponente que escapa, compôs uma série de esculturas em que ela organizou em uma série chamada A Náusea. Sobre as obras, destaco duas palavras: Tormenta e Permeabilidade.
Parece-me que todas as esculturas de Ingrid estão investigando aquilo que é o limiar entre matéria e espírito, substância e reações químicas, pensamento e sentimento, ou seja, aquilo que é visível e aquilo que, apesar de invisível se faz presença pela sensação de ausência. Uso o termo permeabilidade porque vejo nas esculturas feitas de Bronze e Terracota, uma espécie de obstáculo para o pensamento e para a arte, como se ela Ingrid precisasse superar a matéria para atingir algo que está um nível acima, que chamo de “espiritual da matéria”, e ao mesmo tempo um nível abaixo, com os dejetos e pedaços mais sórdidos do que se chama humano.
A tormenta, nas obras, tem a mesma característica da permeabilidade com a diferença de que a tormenta faz parte da lógica do espírito, dos sonhos, dos pesadelos, do inconsciente, ou seja, daquilo que não pode ser controlado pela racionalidade do instinto material. Assim, vemos nas esculturas de Ingrid aberturas de uma série de orifícios, zonas de ausência, de presença do não, que só conseguem falar pela Náusea. Leia mais AQUI!