“Em Nós na Garganta, André Ricardo Abbade Liberali abre um espaço de escuta para as vozes que o silêncio da infância tentou apagar. O livro não é apenas um conjunto de memórias, mas uma travessia pelas experiências que moldam sujeitos e sociedades — entre o medo e o afeto, entre a imposição da norma e o desejo de respirar.
Cada capítulo é um mergulho em episódios de uma infância marcada pela repressão, pelas pedagogias da obediência e pelas violências disfarçadas de cuidado. No gesto de narrar, o autor transforma engasgo em palavra e trauma em análise. O menino que pinta um coelho violeta e recebe um zero, o que é impedido de ir ao banheiro, o que é ridicularizado por responder ao padre: todos são retratos de uma cultura que nega a sensibilidade e ensina a calar.
O texto se sustenta em uma linguagem viva, atravessada pela ironia e pela emoção. O autor escreve com corpo e memória — e é nesse gesto que a escrita se faz política. Ao revisitar as marcas deixadas pela ditadura e pela moral familiar, ele denuncia as pequenas violências que naturalizamos em nome da ordem e do “bom comportamento”.
Como leio este livro, encontro nele um convite ético: o de revisitar nossos próprios silenciamentos e reconhecer que educar é também permitir o grito, o choro, o riso, a dúvida. Nós na Garganta tensiona a fronteira entre a dor e a possibilidade de reconstrução coletiva.
É um livro sobre o que nos forma e nos deforma. Sobre o direito de sentir e de dizer. Sobre a urgência de desengasgar-se para existir.”
por Fernanda Coelho Liberali
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O livro será lançado em 10 de outubro na livraria da Vila na unidade da Fradique Coutinho, 915 Vila Madalena – a partir das 18h.
Todo o valor que arrecadado será doado para o Projeto Brincadas, que é uma iniciativa educativa e comunitária que, por meio do brincar, envolve estudantes, professores, famílias e gestores de escolas periféricas, quilombolas e rurais em processos críticos e criativos de reflexão e ação para enfrentar vulnerabilidades sociais e ambientais
Sobre o autor:
André Ricardo Abbade Liberali gosta de viajar, de ler, de apreciar arte, de caminhar, de dançar, de cantar, de meditar e, agora, de escrever. Considera-se um ser interplanetário. Já circulou pelo planeta negócios, passando por multinacionais americanas e francesas, e, para chegar lá, percorreu o curso de engenharia de produção, no Rio, e de administração, em São Paulo. Outro planeta que circulou foi o da psicanálise. E, em um outro que teve breve, mas marcante passagem, foi o planeta dos palhaços, com o grupo do Patch Adams, no Equador.
andre.r.liberali@uol.com.br
