Wissam Nassar é um fotógrafo palestino nascido e criado na Faixa de Gaza. Desde os 18 anos, ele utiliza sua câmera para documentar a realidade de seu povo. Formado em jornalismo pela Universidade Islâmica de Gaza, Nassar iniciou sua carreira registrando os conflitos de 2008, 2012 e 2014 entre Israel e Hamas. Suas imagens capturam não apenas os horrores da guerra, mas também a resiliência cotidiana dos palestinos diante da destruição e do luto.

Hoje, o trabalho de Nassar permanece dolorosamente atual. Desde outubro de 2023, o povo palestino enfrenta uma escalada sem precedentes de violência militar por parte de Israel. Segundo dados da ONU de 2024, cerca de 90% da população – aproximadamente 1,9 milhão de pessoas – está deslocada internamente, vivendo em campos superlotados e abrigos improvisados. Mais de 50 mil Palestinos foram mortos desde o início do conflito, com mais de 17 mil deles sendo crianças. O número de feridos é mais que o dobro disso, passando dos 100 mil.
Ambos os números são estimativas oficiais que contam apenas os que foram levados à estruturas médicas ao longo da Faixa de Gaza e registrados oficialmente; os milhares enterrados sem passarem por instituições oficiais, ou cujos corpos permanecem enterrados sob escombros ou foram destruídos em explosões permanecem sem qualquer registro oficial, e não fazem parte dessa conta. O número também não inclui os mais de 11 mil desaparecidos e presumidos mortos, e nem conta os muitos palestinos sequestrados e mantidos à força sob custódia de Israel.
Veja as fotos:
A ofensiva Israelense vem consistentemente atingindo áreas previamente designadas como “zonas seguras” – onde o próprio Estado de Israel forçou os palestinos a se refugiarem através de evacuações forçadas. Os israelenses são acusados de agirem deliberadamente. Em janeiro de 2024, um ataque aéreo em Mawasi, no sul de Gaza, matou uma mulher e feriu outras oito pessoas. O exército israelense justificou a ação alegando a presença de “atividades terroristas” na área. Em março de 2025, forças israelenses atacaram a ala cirúrgica do Complexo Médico Nasser em Khan Younis, uma das maiores estruturas médicas de Gaza, causando um incêndio que deixou mortos e feridos. A inteligência israelense confirmou o ataque.
A infraestrutura civil de Gaza também está sendo sistematicamente destruída através de bombardeios constantes à universidades, bibliotecas, arquivos culturais e escolas, além de outros prédios públicos e privados em áreas ocupadas por civis. Até abril do ano passado, mais de 6.250 estudantes palestinos foram mortos, e outros 10.3000 ficaram feridos. Embora Israel sempre reitere que seus ataques visam “membros chave do Hamas”, a evidência aponta para o contrário – um reiterado, constante e sistemático ataque à populações e infraestrutura civil, visando a limpeza étnica da Faixa de Gaza, particularmente evidente no número absurdo de crianças mortas – um processo eliminatório de uma geração inteira do povo palestino.

A crise humanitária se agrava com o bloqueio total imposto por Israel, que desde o início de março desse ano restringe severamente a entrada de alimentos, água, combustível e medicamentos. Também em março, Israel cortou a energia de uma planta de dessalinização de água que fornecia água potável em Gaza, em uma decisão chamada de “cruel e ilegal.” A ONU alertou que um quarto da população de Gaza está no limiar da fome, enquanto hospitais operam com recursos mínimos e áreas inteiras são mantidas isoladas pelo combate.
O bloqueio entrou em particular evidência recentemente quando o navio Maddleen, parte da Flotilha da Liberdade, um grupo humanitário com doze ativistas e jornalistas, incluindo a ativista climática sueca Greta Thunemberg e o ativista brasileiro Thiago Ávila, que levava suprimentos básicos para Gaza foi interceptado e apreendido ilegalmente pelo governo israelense em águas internacionais. Cerca de um dia após a perda total de comunicação da Flotilha da Liberdade com o Maddleen, o Ministro da Defesa israelense, Israel Katz, confirmou ter os 12 do Maddleen em custódia, e ter instruído o IDF a expô-los à filmagens gráficas do 7 de outubro – um tipo de guerra psicológica que pode ser classificada como tortura.

Israel se recusou a prosseguir para a fase dois do cessar-fogo negociado pelo Egito, Estados Unidos e Qatar; mesmo durante a fase um, em janeiro desse ano, Israel matou mais de 150 Palestinos.
Publicação inspirada em postagem originalmente feita pelo @midianinja no instagram