“Putacibernética”: Ep da cantora Biana mistura toque introspectivo dançante com sexualidade visceral

A cantora e artista visual BIANA lança, em todas as plataformas digitais, seu segundo EP, “Puta Cibernética”, trabalho que marca uma repaginação da artista e confirma sua versatilidade estética e conceitual. Com três músicas que contam com participações de artistas da cena underground como Rodrigo Zin, Vix Russel, Larissa Nunes e Tas MC, a obra explora a fusão entre pop, darkwave, hyperpop e EBM.

Quem é Biana?

BIANA se lançou na cena musical brasileira com o single “Arde na Pele”, em 2019. No ano seguinte, lança o EP “Imilla”, produzido por Léo Ost, com um clipe que teve atuação e direção de arte de “Almanegrot”, artista que assina a direção artística da capa do álbum “Coração”, de Johnny Hooker, e que já trabalhou com artistas como Letrux, Karol Conká, Francisco, El Hombre, Aíla, e No Porn.

Além disso, a artista foi pioneira no intercâmbio musical entre Brasil e Coréia do Sul, lançando, em 2021, o single “Abstinência”, parceria com o cantor Hersh composta e produzida à distância. O single também contou com atuação da atriz Larissa Nunes, protagonista da aclamada série “Coisa Mais Linda”.

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Sobre o Putacibernética

Três anos depois, BIANA se reinventa em “Puta Cibernética” ao transitar de um universo introspectivo para os territórios estéticos promíscuos e “sujos”, onde a identidade e o desejo se manifestam de forma crua e intensa. Além da sonoridade,
a estética visual do EP, com referências punk e neobrutalistas, complementa a experiência, criando uma imersão coesa entre som e imagem.

“A estética de Puta Cibernética foi pensada para ser mais intensa e agressiva. Enquanto Imilla explorava um universo de fantasia e busca por algo transcendente, Puta Cibernética se volta para o visceral, para o que é humano e impuro: o feio, o sujo, o vulgar.” Para a artista, “é uma tentativa de captura do imediato, do que escapa ao controle racional. É um EP denso e cru, cuja sonoridade e visual carregam toda a intensidade dos sentimentos que o inspiraram.”


O Jornal Nota conversou com a cantora e pedir pra ela falar um pouco sobre cada uma das canções. Confira:

Abra Minhas Pernas

“Abra Minhas Pernas” é resultado da colaboração com o Rodrigo Zin, que é um querido. A música inicia com um pad e pluck minimalistas, que tem por intenção imergir lentamente o ouvinte no ambiente onde a estética se constroi. Em poucos segundos, a faixa se desenvolve e começa a mostrar as fortes influências de Darkwave que, de certo modo, definem a atmosfera do EP. “Abra Minhas Pernas” é sobre um jogo de sedução, basicamente. Essa faixa foi escolhida para abrir o EP como um “esquenta” para a agressividade e a crueza que permeiam as faixas que seguem.

Quando eu recebi os beats do Verderame, meio que instintivamente a melodia dos vocais começaram a se desenhar para mim, e em cima disso eu compus as letras. A princípio, eu não pensava em chamar meus amigos artistas para entrarem como feat, porque achava que não iriam se identificar com a proposta do EP (afinal, não é pouca coisa atribuir seu trabalho a um EP com o título “Puta Cibernética”), mas, para minha surpresa, quando comentei com eles sobre a ideia do EP, todos meio que entraram na brisa, e aí as parcerias foram surgindo espontaneamente. Eu diria, talvez, só com exceção da Vix, que foi alguém que eu procurei já na intenção de chamar para o feat (por ser uma grande fã do trabalho que ela vem feito).

De todos que toparam colaborar como feat nas tracks, o Zin foi o que mais me surpreendeu kkkkkkkkk. Por ele ter focado nos últimos anos em fazer rap de anime, nunca imaginei que ele animaria em colaborar no meu EP, que foge totalmente do público dele. O Zin é um amigo de longa data. Eu amo muito ele, quase como um irmão mesmo. Quando ele topou somar, fiquei muito feliz. Eu já tinha a guia, então mandei e ele subiu em cima. Me mandou os vocais e dali saiu “Abra Minhas Pernas”.

Puta Cibernética

A Faixa “Puta Cibernética” traz a colaboração da Vix Russel e da Larissa Nunes. Nessa faixa a gente já tá falando de uma atmosfera bem mais densa e hostil. Essa sensação de intensidade, que eu queria dar desde o começo, se refletiu muito bem na combinação dos meus vocais com os vocais da Lari, e também no beat agressivo, com fortes referências ao EBM (Electronic Body Music). A música é muito focada no desejo, autonomia e identidade, refletindo sobre como nos expressamos sexualmente em um mundo cada vez mais descorporificado e virtual.

Eu e Lari já tínhamos trabalhados juntas, quando ela atuou no meu clipe de “Abstinência”, que era um feat com o artista sul-coreano Hersh. Quando eu mandei o beat para a Lari, ela me ajudou a compor a letra, então foi minha primeira experiência de composição conjunta, enquanto processo. A Vix entrou bem depois, eu já tinha a guia fazia pelo menos um ano kkkkkkkk. Foi um processo muito foda, tudo foi feito a distância, em todas as faixas, e eu acho que deu super certo.

Eu escolhi essa faixa para levar o nome do EP, entre outros motivos, porque foi meu primeiro feat com artistas mulheres, e isso foi muito importante para mim.

Se Quiser Mais Me Peça – BIANA ft. Tas Mc 

Se Quiser Mais Me Peça” é uma colaboração com Tas MC. Essa faixa, ao meu ver, oferece um desvio bem-vindo da intensidade das faixas anteriores, misturando batidas de hyperpop com uma vibe mais suave e descontraída (que contrasta com a vibe que caracteriza o restante do EP). Ela, de todas as 3, é a única que carrega um tom mais descontraído.

O Tas Mc foi o último a se somar. Eu conheci ele pelas redes sociais no final do ano passado. A faixa ia ser a única faixa solo do EP, mas quando conheci o trabalho dele, achei que super encaixaria na proposta, aí convidei. Ele gravou lá de Salvador. Quando reuní todos os vocais, parti para a etapa de finalização.

Essa etapa foi bastante extensa onde o rdrg.nnhm foi fundamental. Ele esteve comigo dirigindo a captação dos vocais, e depois fez toda a mix e master das faixas. A gente ficou muitos meses fazendo várias versões, até chegarmos no resultado final. Foi a parte mais difícil, eu diria. Nunca teria conseguido sem ele.

Quando as faixas já estavam tomando forma, o Tas fez um baita esforço para colar aqui em São Paulo e gravar o clipe comigo, achei muito foda! A gente gravou o clipe durante um final de semana inteiro, com uma cyber shot, uma filmaker muito foda (Gabriela Rocha) e muita força de vontade kkkkkkkkk.

Minha mãe (Patrícia Fersi) que faz todos os meus figurinos. Quando eu me dei conta, um dia antes da data da gravação, que sequer tinha uma roupa específica para usar, ela correu para garantir que eu tivesse aquele conjuntinho vermelho que uso no clipe e na capa.

Todo o EP foi um trabalho de muitas mãos, eu fico muito feliz por ter tido a honra de contar com várias pessoas incríveis nesse processo.

E aí, ficou curioso para ouvir o EP da Biana? Corre para ouvir!

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