A ansiedade estava consumindo os fãs de Divertidamente desde que se teve notícia do lançamento de Divertidamente 2. Não é a toa, já que a personagem mais aguardada era a própria ansiedade. E ela chegou chegando, cheia de bagagens, (literalmente)! E com suas paranoias incessantes. Mesmo guiado por outra direção, o filme preserva suas maiores qualidades de ser espirituoso e, ora ora, divertido. Também traz lições valiosas assim como seu antecessor. Riley aqui está em uma nova fase, a tão temida puberdade e com ela as mudanças.
Ela passa tanto por transformações físicas quanto emocionais e para ilustrar isso de maneira muito didática o que se passa dentro da cabeça de Riley o filme desenha isso para nós. Aqueles personagens carismáticos que conhecemos tão bem entram em pânico porque não entendem o que está acontecendo. A mente da Riley começa a entrar em uma reforma (literal também, desculpe o transtorno) DO NADA, e os quatro personagens não tem nenhuma chance de se proteger ou até mesmo de compreender o que está acontecendo. Veem alguma similaridade?
Não é assim mesmo que acontece conosco quando os sentimentos mais primitivos como alegria, tristeza, raiva, nojo e medo da nossa infância recebem outros mais complexos? Como ansiedade, tédio, vergonha…E até uns nomes que não queremos pronunciar e admitir como inveja.
“beleza, essa é uma prévia dos próximos dez anos”
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É porque a puberdade não é algo que se pode controlar. Lidar com tudo isso de uma vez só não há uma pessoa que não entenda, por isso esse filme fala tanto com todos e por isso que nos identificamos de imediato. A fórmula Pixar de emocionar não para de funcionar, com piadas de arrancar gargalhadas e reflexões de levar a lágrimas, também claro: easter eggs. Uma curiosidade interessante é que a personagem Tédio se apresenta com seu nome e logo em seguida diz “pode me chamar de deprê” sendo que seu nome em inglês é Ennui, que se trata de uma expressão francesa que descreve um estado que se traduz fisicamente em uma diminuição de energia e sonolência geral, e psicologicamente, como o cansaço decorrente do ócio.
Sobre a dublagem não há que falar né? Ou melhor, dá! Está perfeita, super abrasileirada, mas não estereotipada. Cheia de gírias super engraçadas que combinam com os personagens.

[INÍCIO DE SPOILER] Em vários momentos do filme vemos a Alegria tomando a frente e liderando todos para recuperar o controle da mente de Riley. A Ansiedade realmente está dando um ataque (pegou? Pegou a referência?). Mas nenhuma das duas está completamente certa ou errada, uma lição que aprendemos lá no primeiro filme. Além disso, nesse trajeto de volta para a mente de Riley, as emoções lidam com certos impedimentos, como quando são presas no cofre pela policia junto de desenhos de infância de Riley e seu segredo obscuro.
O Medo solta um: “meu Deus, somos emoções reprimidas!”.Ou quando o fluxo de consciência vira o abismo do sarcasmo quando a Deprê assume o controle ao usar a ironia (ai, esses adolescentes…). E tudo que é falado de uma ponta chega aos ouvidos de quem está ouvindo de outra ponta de forma debochada. Mais uma vez o roteiro desempenhando seu papel de demonstrar como um b + a= ba. Mas, um b + a= ba que merece nossa atenção, respeito e risos. Podemos trazer aqui também, a cena que os personagens estão presos em meio as prateleiras cheias de memórias e o Raiva exclama: “ah, ótimo, estamos perdidos em um bando de memórias”. Ou seja, as emoções (primitivas da criança Riley) desaparecidas no meio das memórias. Por fim, gente, o que foi essa prévia que tivemos da Nostalgia? Sensacional” [FIM DE SPOILER]

Divertidamente 2 nos mostra como todos somos pessoas plurais e não uma coisa só. Não tem essa da Riley ser só uma “pessoa boa” que é sua convicção como pessoa. Ela é várias coisas e perceber isso entrando na adolescência é realmente turbulento para dizer o mínimo.
Ministério da Saúde adverte: por mais que seja tentador e que você tenha entendido mais sobre suas emoções, assistir Divertidamente 2 não substitui acompanhamento terapêutico.
E no mais, lembre-se “continue a respirar…”