“As mãos da minha mãe”: Karmele Jaio escreve sobre mulher que descobre semelhanças com a mãe

Escrito pela basca Karmele Jaio, As mãos da minha mãe conta a história de uma mulher que, em um momento crítico da vida, descobre ter mais em comum com a mãe do que já foi capaz de imaginar.

A vida de Nerea não anda bem: o trabalho não a estimula, não tem tempo para a filha e sente que o casamento está ruindo. E um último golpe ainda a atinge: sua mãe, Luisa, é encontrada vagando pelas ruas com a memória gravemente comprometida. A partir de então, Nerea passa também a carregar o peso da culpa por não ter detectado a tempo mudanças no comportamento da mãe, algo que talvez pudesse ter evitado a crise que culminou com a hospitalização.

“E meus olhos seguem fixos em suas mãos. Olho para elas com tanta atenção que até chego a acreditar que seus dedos vão começar a falar a qualquer momento, que vou encontrar nas mãos da minha mãe a resposta para todas as perguntas que nunca fiz a ela, que vou poder ouvir os pensamentos que ela guardou por anos. Tudo isso apenas olhando atentamente para suas mãos.”

Nas longas horas em que permanece ao lado da cama de Luisa, percebe o apego da mãe a uma lembrança da juventude que o esquecimento não dissipou: ela chama sem parar o nome Germán, alguém de quem Nerea nunca ouvira falar. Com a ajuda de fotos antigas da família, descobrirá um episódio fundamental na vida de Luisa. Ao mesmo tempo, Nerea será forçada a enfrentar o próprio passado: a volta inesperada do homem pelo qual foi apaixonada quando jovem, um amor mal resolvido que pode abalar ainda mais seu casamento.

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Adaptado para o cinema em 2013 e apresentado no Festival Internacional de San Sebastián, As mãos da minha mãe recebeu o prêmio literário Euskadi de Plata e sua tradução para o inglês foi agraciada com o English PEN Award em 2018.

O romance debate temas relevantes, ainda que não os nomeie: o terrorismo do ETA (na explosão de um carro-bomba); o Alzheimer (doença que, ao que parece, acomete Luisa); emigração (de tia Dolores) e a culpa carregada por mulheres que não conseguem conciliar a vida familiar com o trabalho. Uma narrativa que versa sobre assuntos delicados e transborda sensibilidade e empatia, mas sem apelar a maniqueísmos ou pieguices.

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Sobre a autora:

Karmele Jaio, nascida em 1970 em Vitoria-Gasteiz, no País Basco, é autora de três livros de contos — Hamabost zauri [Feridas crônicas], Zu bezain ahul [Tão fraco quanto você] e Ez naiz ni [Não sou eu] —, três romances — As mãos da minha mãeMusika airean [Música no ar] e A casa do pai, que em 2020 recebeu o Prêmio Euskadi de Literatura, o maior do País Basco — e um volume de poesia, Orain hilak ditugu [Agora que estamos mortos]. Suas histórias foram levadas ao teatro e selecionadas para, entre outras, as antologias Best European Fiction 2017 (Dalkey Archive Press) e The Penguin Book of Spanish Short Stories (Penguin Classics).

Ficha técnica

TítuloAs mãos da minha mãe

Autora: Karmele Jaio

Tradutora: Fabiane Secches

Capa: Fabiana Yoshikawa

Páginas: 128 pp.

ISBN: 978­65­87342­45­0

Dimensões: 13,5 x 20,5 cm

Acabamento: brochura

Preço: R$ 64,90

Editora: Instante

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