“Violeta”: Alberto Martins retrata em novela os bastidores de uma montagem de Vladímir Maiakóvski 

Violeta: uma novela — o terceiro livro da série “A História dos Ossos”, de Alberto Martins, iniciada em 2005 — mescla, de forma inventiva, registro factual, negativos fotográficos e fabulação poética. Em suas páginas, um narrador contemporâneo se desloca por Santos e seus canais na tentativa de recompor a juventude desconhecida de seu pai, atravessando um emaranhado de tempos e lugares que, ao fim, fazem aflorar um sinistro espelhamento entre os anos de 1946 e 1964, que ainda ecoa no presente.

Na história, um grupo de teatro amador tenta montar uma peça do poeta russo Vladímir Maiakóvski na zona portuária de Santos, na década de 1940. Aquilo que poderia ser tão só a aventura de um punhado de jovens movidos pelo desejo de experimentação acaba por se tornar o acontecimento decisivo de suas vidas. Relato lírico, geográfico e político, Violeta propõe ao leitor uma investigação que, ao entremear realidade e ficção, expande um lugar até o limite de suas possibilidades.

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Na orelha do livro, Sofia Nestrovski comenta que “Violeta é um livro em dois tempos. Para ela:

“Passa-se, num primeiro plano, nos dias de hoje, narrado por um sujeito que resolve escrever sobre o passado do próprio pai. A partir de recortes de jornal e relatos de quem o conheceu, ele procura entender como teria sido a vida pregressa desse pai. A princípio, o autor parece estar montando um quebra-cabeça, como se pudesse chegar a uma solução para a pergunta sobre quem o pai foi. Mas logo se percebe que este é um quebra-cabeça que não se monta, uma pergunta que não se resolve. As peças vão se amontoando: servem para criar algo novo”, comenta.

Ao mesmo tempo, porém, Violeta também tem duas vozes:


“No segundo plano — segundo tempo — vemos o que é essa criação. Estamos em 1946, e quem narra agora é o pai do primeiro narrador. Ou quase isso: quem fala é uma voz inventada. Foi o narrador da primeira parte que a construiu, alimentado por fatos, desejos e memórias. E o que acompanhamos é um filho que busca o pai e o cria nesse mesmo ato”, completa.

Violeta é o terceiro livro de uma série de novelas de Alberto Martins, que podem ser lidas de modo independente. São três histórias — com História dos ossos (2005) e Lívia e o cemitério africano (2013) — de uma mesma família e da cidade de Santos. Seus personagens são artistas, falsificadores, copistas. Gente que vive num determinado momento, numa determinada cidade, buscando experimentar em que medida a vida se cola ou não no mundo. E em que medida a vida pode ser um modo de invenção.

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Sobre o autor:

Escritor e artista plástico, Alberto Martins nasceu em Santos, SP, 1958. Formou-se em Letras na USP em 1981, e nesse mesmo ano iniciou sua prática de gravura na ECA-USP. Como escritor publicou, entre outros, os livros Poemas (1990); Goeldi: história de horizonte (1995), que recebeu o Prêmio Jabuti; A floresta e o estrangeiro (2000); Cais (2002); A história dos ossos (2005), segundo lugar no Prêmio Portugal Telecom de Literatura; A história de Biruta (2008); a peça Uma noite em cinco atos (2009); Em trânsito (2010), menção honrosa no Prêmio Moacyr Scliar de Literatura 2011; e Lívia e o cemitério africano (2013), Prêmio APCA de Melhor Romance do Ano. Violeta: uma novela compõe uma série com A história dos ossos e Lívia e o cemitério africano .

Ficha Técnica:

Alberto Martins
Violeta: uma novela
Coleção Nova Prosa
144 p.
12 x 21 cm
168 g.
ISBN 978-65-5525-145-6
R$ 48,00

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