O renomado escritor moçambicano Mia Couto revelou a curiosa origem de seu nome, que tem raízes em sua infância e em sua profunda conexão com os gatos. Em um relato, Couto compartilhou que o apelido “Mia” não foi apenas uma escolha pessoal, mas um reflexo de sua convivência com os felinos que marcaram sua vida desde cedo. “Minha mãe deixava restos de comida numa varanda aberta, que dava para a rua. Juntavam-se dezenas de gatos, que comiam e dormiam por lá”, contou o escritor.
Ele descreve uma infância em que a linha entre humanos e animais era tênue: “Há fotos que me mostram, ainda menino, dormindo e comendo junto com os gatos. Para mim, não havia muita distinção entre ser bicho e ser pessoa.”
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Aos dois anos e meio, o pequeno Antonio Emilio Leite Couto decidiu que queria ser chamado de “Mia”, uma homenagem direta aos gatos que o cercavam. O mais surpreendente, segundo ele, foi a aceitação de seus pais: “Eles acharam que eu já tinha a competência e o direito de me renomear.”
Desde então, o nome pegou, a ponto de Couto confessar: “Hoje, se me chamarem de Antonio, eu não sei quem é.” Essa história não apenas ilustra a origem inusitada do nome pelo qual o escritor é conhecido mundialmente, mas também reflete sua visão sobre a humanidade.
“Acho que nós todos nos fizemos humanos por meio das relações e do contato com os animais”, afirmou.
A sensibilidade de Mia Couto para com o mundo natural permeia suas obras, que frequentemente exploram as conexões entre pessoas, culturas e o ambiente ao seu redor.
Autor de livros aclamados como Terra Sonâmbula e O Fio das Missangas, Mia Couto continua a encantar leitores com sua prosa poética e suas histórias que misturam realidade, memória e elementos da cultura moçambicana. E agora, sabemos que, por trás de seu nome, há um menino que cresceu entre gatos e decidiu carregar essa conexão para sempre.

