Como ficaria a sua biblioteca, caso você retirasse as obras de autores brancos das prateleiras? A Biblioteca do Memorial da América Latina em São Paulo resolveu levar esta pergunta a sério e o resultado foi este:
A ação se deu no dia da conscientização pelo Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial e trata-se de uma iniciativa da AlmapBBDO, ganhadora do título de Agência Global da Década pelo Cannes Lions, considerada a agência criativa mais eficaz do mundo pelo Effie Index.
Ao chegar na Biblioteca do Memorial da América Latina do dia 21 de março, as pessoas leitoras encontraram pouquíssimos livros, exemplares escritos apenas por pessoas negras, causando inicialmente um impacto visual e estimulando consequentemente uma reflexão sobre a desigualdade no quesito representatividade literária.
As prateleiras da Biblioteca do Memorial da América Latina são normalmente ocupadas por cerca de 50 mil títulos, e após a retirada dos livros escritos por pessoas brancas, demonstrou um resultado que não oferece surpresa, mas confirma os processos de apagamento e silenciamento aos quais as pessoas racializadas estão sujeitas, evidenciando a predominância de pessoas autoras brancas no mercado editorial brasileiro.
Nos últimos anos, este cenário tem se modificado, mas a quantidade de livros publicados por pessoas negras (pretas ou pardas) continua aquém do ideal em um país em que 56% da população se autodeclara negra, conforme IBGE (2020).
Esta ação foi muito importante, considerando seu objetivo de deixar evidente as discrepâncias do mercado editorial brasileiro e a importância de estimular a representatividade na literatura, como meio de promover equidade no acesso à cultura.
Desta maneira, fica o convite para que as pessoas leitoras possam explorar novas possibilidades de escrita e se oportunizem descobrir mais autoras/es negras/os, conhecendo histórias sob perspectivas não-brancas, ultrapassando as barreiras impostas pelo racismo estrutural que se instaurou em todas as instâncias de nossa sociedade.