6 livros indicados pelo Papa Francisco

O Papa Francisco, primeiro pontífice latino-americano, faleceu recentemente, após o domingo de Páscoa. Leitor assíduo, ele costumava compartilhar recomendações literárias com o público. Relembre, a seguir, um artigo do Bookwitty com sugestões de leitura feitas pelo Papa.

1. O Senhor Do Mundo– Robert Hugh Benson

O mundo imaginado por Benson — uma hipérbole a partir dos erros que ele então já enxergava — caminha rumo ao autoritarismo de um governo mundial, onde as liberdades individuais são suprimidas por meio da imposição de regras de conduta e de uma nova moralidade. Certamente, Benson jamais imaginou que o seu romance chegaria, no início do século XXI, a se tornar tão realista. Na obra, uma iminente guerra ameaça a paz universal, situação que permite a um jovem desconhecido ganhar popularidade em todo o mundo. Ele aspira a ser cultuado pelo humanismo de uma falsa religião global, que exclui e criminaliza toda e qualquer expressão que ainda possa existir de uma espiritualidade verdadeiramente transcendente. Trata-se, portanto, do advento do anticristo. Permanece ainda, porém, algo da tradição que construiu o Ocidente: a Igreja Católica, que, embora em meio a uma crise, se apresenta como a única resistência frente ao totalitarismo.

Em uma conversa, Francisco foi questionado sobre o termo colonização ideológica: “É um livro que, na época, o escritor tinha visto esse drama da colonização ideológica e escreveu naquele livro… Aconselho a leitura

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2. Memórias do Subsolo– Dostoiévski

Em entrevista, Papa Francisco disse que ama Dostoiévski, mas especificou que sua obra favorita é sua novela menos conhecida, Notas do Subsolo (que recebe várias traduções).

Lançado originalmente em 1864, enquanto Dostoiévski morava em Moscou e sua esposa estava nas últimas semanas de vida, Memórias do subsolo é considerado por muitos o ponto inicial da segunda fase do autor ― na qual publicaria suas mais aclamadas obras. Alienado da sociedade e paralisado pelo peso da própria insignificância, o narrador deste livro conta a história de sua conturbada vida. Com fina ironia, ele relata sua recusa em se tornar mais um trabalhador e seu gradual exílio da sociedade que o cerca. Escrita em poucas semanas, esta novela arrebatadora explora, com a maestria única de Dostoiévski, as profundezas do desespero humano. 

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3. Poemas e fragmentos selecionados – Friedrich Holderlin

“Adoro Dostoiévski e Hölderlin. Lembro-me de Hölderlin por aquele poema escrito para o aniversário da avó dele, que é muito bonito e foi muito enriquecedor espiritualmente para mim.“, disse o Papa

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4. Os Noivos – Alessandro Manzoni

Situado na Lombardia durante o domínio espanhol do final da década de 1620, Os noivos conta a história de dois jovens e humildes camponeses, Renzo e Lucia, impedidos de se casarem e perseguidos por Dom Rodrigo, fidalgo mais poderoso das redondezas que, por causa de uma aposta, decidiu seduzir a moça. Forçados a fugir, os noivos são cruelmente separados e devem enfrentar infortúnios como a peste, a fome e a prisão, além de se confrontar com vários personagens — a misteriosa freira de Monza, o impetuoso Padre Cristoforo e o sinistro Inominado —, sem nunca perder a confiança na Providência.

Baseado em uma rigorosa pesquisa histórica e linguística, Manzoni pinta o ambiente italiano do século xvii e oferece um painel dos inúmeros tipos humanos que podemos encontrar durante a vida. Na tradução de José Colaço Barreiros, o leitor terá contato com a versão definitiva dessa “obra-prima de toda a humanidade”, como disse Benedetto Croce, seguida de A história da coluna infame.

“Li Os Noivos, de Alessandro Manzoni, três vezes, e agora o tenho na minha mesa porque quero relê-lo. Manzoni me ensinou tanto. Quando eu era criança, minha avó me fez decorar o início de Os Noivos…”, disse o Papa

5. O Diário de um Pároco de Aldeia, de Georges Bernanos

Publicado em mais de vinte e sete países e incluído na lista dos doze melhores romances de língua francesa, Diário de um pároco de aldeia é considerado uma das obras-primas da literatura do século xx. Através das páginas escritas em tom confessional por um jovem pároco, Georges Bernanos apresenta ao leitor a viagem da alma e do corpo deste servidor pela pequena cidade de Ambricourt, no norte da França — a relação dele com a fé, com o seu serviço sacerdotal, com a doença do corpo, e o confronto com a realidade de sua paróquia, com suas dúvidas e seus erros. O romance mais popular e tocante de Georges Bernanos — que, segundo François Mauriac, tinha “o magnífico dom de tornar natural o sobrenatural” — ganha agora uma nova tradução para o português, que se aproxima consideravelmente não só do estilo do escritor francês, reconhecidamente elevado, como também do estilo que ele cria para o jovem pároco, que se põe a registrar num diário, entre um dia e outro de entrega piedosa aos paroquianos, os seus conflitos mais íntimos.

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6. A Divina Comédia – Dante Alighieri

Em 2015, o Papa Francisco convocou um Ano Jubilar da Misericórdia para destacar aos católicos o perdão e a misericórdia de Deus. Ao iniciar este ano, o Papa Francisco exortou todos a lerem a história, chamando-a de leitura vital.

Texto fundador da língua italiana, súmula da cosmovisão de toda uma época, monumento poético de rigor e beleza, obra magna da literatura universal. É fato que a “Comédia” merece esses e muitos outros adjetivos de louvor, incluindo o “divina” que Boccaccio lhe deu já no século XIV. Mas também é certo que, como bom clássico, este livro reserva a cada novo leitor a prazerosa surpresa de renascer revigorado, como vem fazendo de geração em geração há quase setecentos anos.

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