Lançado pela DarkSide Books, “Vermelho” revela os gatilhos das paixões humanas, debate os limites do consentimento e a fronteira entre o comportamento e o transtorno parafílico
A DarkSide Books lançou o novo livro de Paula Febbe, uma das maiores autoras do horror brasileiro. Em “Vermelho”, a autora mergulha no espaço abissal que divide a moralidade e a sexualidade humana, mostrando em quatro perspectivas interligadas como o desejo, a busca por afeto e nossos próprios limites (ou sua ausência) podem alterar nossas histórias irreversivelmente.
“Vermelho é um livro sobre desejo e do quanto podemos ser reféns daquilo que queremos. Exatamente entre a moralidade e a perversão, quero que seja um livro que faça o moralista olhar para o próprio desejo escondido e o pervertido perguntar se não está indo longe demais”, explica Paula Febbe.
Traumas de infância, feridas emocionais abertas, desejos suprimidos e encerrados em quatro narrativas forjadas para despertar a sociedade adormecida e entorpecida em que vivemos. De onde vem o cheiro da baunilha? Que parte dos homens explora as mulheres e quais partes existem para que eles sejam explorados por elas? Existe um limite para o prazer humano? Para a dor de se submeter e ser submetido? Quanto do desejo pela vida pode te fazer chegar mais perto da morte?
Eros e Thanatos. Paula Febbe constrói sua teia de erotismo aprisionando casamentos de fachada, profissionais de bondage, investigadores, lutadoras de MMA e vítimas de um mercado de carne que cresce e floresce nas vísceras mais profundas das grandes cidades e nos segredos das famílias.
No BDSM, o alívio possível na dor se torna a única verdade suportável, e distorções encontram o abraço de quem os cultiva e anseia por seus pecados. A dor na carne, o gelo no estômago, a asfixia que promove o tênue limite entre morrer de prazer ou implorar por mais um pouco. Aos não iniciados, tudo parece venenoso, inescrupuloso, indecente. Paula nos prova o contrário, e arrasta seus leitores a aceitarem transgressões e práticas inimagináveis. Mais do que isso: os leva a querer um pouco daquele ardor para si. Todos somos uma mistura de nossos ímpetos.
Na narrativa de “VERMELHO”, surge uma visão mais perversa, faminta e constantemente excluída da sexualidade. Moderna, transgressora e irremediavelmente real. Com a voz analítica e verdadeira que sempre a representou, construída a partir de entrevistas com profissionais e consumidores desse mercado de paixões, a escritora Paula Febbe joga luz nos calabouços mais profundos dos relacionamentos humanos, em suas perversões e dores, flertando com desejos que, estejamos prontos ou não, insistiremos em queimar. A autora também é roteirista premiada, apresentadora do Podcast Divã de Singularidades e colaborou com diretores como Fernando Sanches e Heitor Dhalia.
Em entrevista ao Jornal Nota, a autora destaca “o desejo e a violência como protagonistas”. Leia abaixo a entrevista completa:
JN: Qual o maior desafio que você enfrentou durante a escrita de Vermelho?
Paula Febbe: Esse foi o livro em que fui mais a fundo nas pesquisas. Conversei com vários praticantes de BDSM por meses, treinei Muay Thai, mudei completamente minha alimentação para entender como uma atleta se comportaria. Foi um livro que me transformou fisicamente e psicologicamente.
JN:De onde surgiu a ideia de abordar esse tema na sua escrita?
Paula Febbe: Eu havia ouvido falar sobre o shibari, ou tinha visto em algum lugar e tinha achado uma prática muito bonita. Eu o escrevi no auge da pandemia, que passei sozinha, e acho que com a distância que precisávamos manter de todos, quis traçar um paralelo dessa solidão com o desejo e intimidade extremos.
JN:Depois de seu livro anterior em que paternidade e violência eram protagonistas da história, o que você destacaria em Vermelho?
Paula Febbe: Eu destacaria o desejo e a violência como protagonistas deste. O quanto nós podemos nos perder tentando satisfazer nossos prazeres. É um livro para o moralista pensar no próprio desejo e quem é livre se perguntar se não está indo longe demais. Creio que seja um livro sobre bordas. Tê-las ou não.
JN:A cor vermelha parece ser muito importante para você. Na sua estética, nas cores de suas fotos. O vermelho, por exemplo, é a cor do sangue da nascimento, resultado das violências, a cor da menstruação, mas também o batom, a roupa, uma cor que pode ser empoderamento, mas também exploração. Por que o título vermelho?
Paula Febbe: Exatamente por tudo isso. Eu ia chamar o livro de BDSM, mas achei o título Vermelho, por conta dessas referências, mais elegante.
JN: Se você leu esse livro clássico, você vai amar Vermelho. Quais são esses livros?
Paula Febbe: Metamorfose, Fahrenheit, Dom Casmurro, Livros de Sangue, Laranja Mecânica
Sobre a autora:
Paula Febbe estudou roteiro no Goldcrest ProductionTheater, em Nova Iorque, e psicanálise no Centro de Estudos Psicanalíticos (CEP), em São Paulo.
Sua escrita brutal e única explora as perversões e psicoses da consciência humana, em narrativas expositivas que levam seu fiel público a imergir nas mentes patológicas das personagens.
Paula recebeu diversos prêmios com o filme “5 Estrelas”, que coescreveu com o diretor Fernando Sanches. Finalista no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2021, o filme fez parte da seleção oficial do festival LABRFF, de Los Angeles e do Festival FANTASPOA, em 2020.
Ao lado do diretor Heitor Dhalia, a autora roteirizou a obra “Fetiche”, inspirada em livro de sua autoria. A parceria promete ser duradoura, uma vez que os direitos audiovisuais de seu novo livro, “Vantagens que Encontrei na Morte do Meu Pai”, foram adquiridos pela Paranoid Films, produtora do diretor.
“Paula Febbe não tira o fôlego do leitor, ela o asfixia, com as duas mãos. Com suas frases pulsantes, elipses narrativas surpreendentes e imagens impossíveis, Febbe nos joga em mundos nunca antes percorridos, onde cruzamos com personagens desafiadores, estranhos e complexos. Nada é fácil ou dado de mão beijada ao leitor. A literatura dessa autora tem a precisão de um punhal e o alvo é o meio do seu coração, caro leitor. Como diria Dante na porta do inferno: “Deixai toda esperança, vós que entrais!” – Heitor Dhalia, cineasta.
Indicações e Premiações:
– Finalista do Prêmio ABERST de Literatura (2019), com “Mãos Secas Com Apenas Duas Folhas”;
– Ganhadora do Décimo Cine Fantasy Festival (2020), na categoria “Melhor Curta Fantástico”, com o filme Cinco Estrelas;
– Ganhadora do Prêmio Aquisição Elo Company do curta “Cinco Estrelas” no Décimo Cine Fantasy Festival (2020);
– Ganhadora do Prêmio Aquisição do Canal Brasil do curta “Cinco Estrelas” no Festival Iberoamericano de cinema, (Cine Ceará, 2020);
– Ganhadora do Prêmio Ecos da Literatura como Melhor Autora na categoria Digital, com o texto “O Eterno Vezes Seis”, publicado pela Editora Darkside (2021);
– Finalista do Grande Prêmio do Cinema Nacional, com o filme “Cinco Estrelas” (2021).
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