“Poesia Reunida” de Maria Lúcia Alvim retrata poética da autora durante quase seis décadas

Poesia Reunida de Maria Lúcia Alvim apresenta, com olhar abrangente e criterioso, tanto as diferentes fases e  estilos da autora de “Batendo pasto” (prêmio Jabuti 2021), bem como os temas que  a atravessaram em um arco de quase seis décadas 

Dona de uma obra multifacetada, a autora do aclamado volume de poesias Batendo pasto tem no lançamento de Poesia reunida um trabalho criterioso e caprichado de sua poesia  completa – com obras aqui apresentadas pela primeira vez e outros poemas já publicados  em edições raras e esparsas. 

Poesia reunida apresenta tanto as diferentes fases e estilos da autora, bem como os temas  que a atravessaram em um arco de quase seis décadas, como o tempo, a natureza, a vida,  o amor. Abriga os sonetos e romanços, além de suas elegias e odes. Seus haicais e  paródias. Seus textos longos, altamente autorais, e a surpresa de suas colagens textuais. 

A publicação apresenta, ainda, o arco completo de sua produção poética ao longo de quase  seis décadas, reunindo as obras XX sonetos (1959), Coração incólume (1968), Pose (1968),  Romanceiro de Dona Beja (1979) e A rosa malvada (1980). Na década de 1990, toda essa  produção foi reunida em Vivenda: 1959-1989 (1990), volume que integra a coleção Claro  Enigma. Também fazem parte do volume Batendo pasto (1982) e os inéditos Rabo do olho (1992) e Sala de branco (2010), além de poemas esparsos. 

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Homenagem a Maria Lúcia Alvim reúne escritores em São Paulo

O lançamento de Poesia reunida (Relicário) une neste sábado, 14/9,  os escritores e poetas Guilherme Gontijo Flores (co-organizador), Julia de Souza, Marcelo Ariel, Tatiana Eskenazi e Schneider Carpeggiani, numa homenagem a Maria Lúcia Alvim.

O encontro começa às 18h, na Livraria Megafauna (Av. Ipiranga, 200, Lj. 53, Edifício Copan, SP) e terá leituras e roda de conversa.

Poesia reunida traz, em cerca de 600 páginas, as diferentes fases e estilos da autora de Batendo pasto (prêmio Jabuti 2021), bem como os temas que a atravessaram em um arco de quase seis décadas. A autora, dona de uma obra multifacetada, tem neste lançamento da Relicário um trabalho criterioso e caprichado de sua poesiacompleta – com obras apresentadas pela primeira vez e outros poemas já publicadosem edições raras e esparsas.

Do que fala Poesia Reunida de Maria Lúcia Alvim?

Co-organizador da antologia, o poeta Ricardo Domeneck retrata Maria Lúcia Alvim como “poeta brasileira até o tutano”:

Maria Lúcia Alvim lutou a boa luta. Dançou com sua máscara épica de Dona Beja, riu das impropriedades dos seus conterrâneos, ministrou cura amorosa para os desamados, e quando se cansou do silêncio em meio à cacofonia do Rio de Janeiro, voltou para o mato onde nasceu e de lá, cercada da pobreza existencial de galinhas e vacas, ingressou num minimalismo que é muito mais do que meramente estético: é ético.” 

No livro, temos um olhar abrangente sobre a produção poética de Maria Lúcia Alvim, que,  com a publicação de Batendo pasto viu reacender o interesse por sua obra poética, a partir  de uma torrente de matérias, reportagens, entrevistas e resenhas nos principais veículos da  imprensa nacional a respeito do livro, vida e obra de Maria Lúcia Alvim. 

“Nestes últimos três anos, o que eu pude ver foi um crescimento notável do reconhecimento da obra publicada. Vivenda virou um livro raro; os outros livros estão esgotados; Batendo pasto teve sucesso de crítica, vendas e prêmio; trabalhos acadêmicos têm se proliferado em lugares diversos do país. Agora dois livros se apresentam como novos. É uma estrada abrindo-se no meio do capim bravo. Há muito por fazer”, contou o també co-organizador, o o poeta Guilherme Gontijo Flores.

Confira um poema da autora:

CARTÃO-POSTAL 

Repente de tarde. Plana. Ceifada.  

Âncoras amorteceram o peso  

e se liquefazem.  

Apagam-se ruivos outeiros.  

Dois namorados olham o mar.  

Um pássaro de insólito voo  

roçou-lhes o ombro.  

— Seremos assim potentes?  

E subitamente puseram-se  

a ferir-se a ferir-se  

 a ferir-se. (p. 46)

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