Fabiana Grieco lança luz sobre o papel da mãe no contemporâneo em “Aquela que vejo pelo espelho”
De que maneira é possível reconhecer o exercício da maternidade exercida por mães e pessoas que maternam numa sociedade em que as atividades do lar são invisíveis? A reflexão atravessa uma questão vital: 93% do trabalho doméstico na América Latina e Caribe é realizado por mulheres, segundo dados da ONU Mulheres. Diante do desafio socioantropológico que salta aos olhos, a escritora e professora universitária Fabiana Grieco apresenta o livro de poesia Aquela que vejo pelo espelho, da coleção Mãe leva outra, na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, no dia 12 de setembro (quinta-feira) às 16h, no estande da Editora Urutau (localização B74).
Para Fabiana, “Aquela que vejo pelo espelho” é uma obra que reflete a maternagem sob um viés crítico e, ao mesmo tempo, sensível. “A minha forma de escrever está intimamente ligada ao modo como vejo o mundo. Com o nascimento da minha filha, em 2018, percebi que muitas questões ligadas à maternidade me sensibilizavam, e a chave que encontrei para organizar esses atravessamentos foi a escrita, com a qual já tinha uma íntima relação. Aquela que vejo pelo espelho não contou com textos elaborados com o objetivo de publicação em uma obra literária, mas é fruto da reunião de um conjunto de poemas que dialogavam com o meu momento de vida e versam sobre o processo de uma mãe se reconhecer e se enxergar enquanto mulher e cidadã”, avalia a autora.
Apresentação do livro “Aquela que vejo pelo espelho”:
Parafraseando bell hooks, imaginar um mundo de paz e possibilidades para homens e mulheres, onde não há dominação e ambos não são parecidos nem mesmo sempre iguais, é uma das reflexões que dialogam com esta obra.
Isso porque, grosso modo, Fabiana Grieco se vale de uma busca por igualdade e justiça para fazer apontamentos sobre questões enfrentadas por mulheres e mães na sociedade contemporânea brasileira.
A invisibilidade das tarefas domésticas, a invalidação dos sentimentos que transbordam no peito e a negligência com os anseios e as necessidades daquelas que se tornam mães são pontos caros para a poeta.
Assim, a autora propõe uma reflexão sobre tais aspectos por meio de poemas costurados sob a égide do olhar observador da mãe e mulher que, ao mesmo tempo em que se levanta como voz potente para denunciar as “despercebidas” condições de desigualdade entre gêneros e grupos populacionais, mantém-se à sombra de suas próprias dificuldades e limitações.
Entre a potência do enfrentamento e o obscurantismo do sujeito, brota a poesia que encara sua própria condição de escrita circunscrita a um tema específico: a maternidade. Certamente, os dilemas da maternidade e da maternagem, comumente caracterizados como tópicos individuais, constituem-se como coletivos.
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Nesse sentido, os versos aqui dispostos encontrarão eco na leitora atenta — e, por que não dizer, no leitor — que é convidada a se ver pelo espelho. E olhar-se cuidadosamente é também enxergar o outro, num exercício de alteridade e contemplação que não diz respeito somente às aparências, afugentando qualquer traço narcisista, mas às essências das coisas vivenciadas cotidianamente por quem exerce a função de cuidar.
Aquela que vejo pelo espelho lança luz aos objetos, podendo resultar na reflexão ou na refração, abarcadas pelas leis da física, fenômenos que nomeiam os eixos do texto. Organizados em três grupos — luz, reflexão e refração —, os poemas revelam os pensamentos da poeta, que procura, principalmente, alimentar o desejo de que sejamos pessoas autorrealizadas, num mundo de paz e possibilidades.
Sobre a Coleção Mãe leva outra
A coleção faz parte de um projeto que começou com a curadoria de materiais para publicação e se estende para encontros, palestras, oficinas e atividades que suscitem o debate sobre a maternidade na contemporaneidade e seus caminhos futuros.
A publicação dos livros da coleção Mãe leva outra começou em fevereiro deste ano, após a chamada de originais divulgada em setembro de 2023.
No total, foram recebidos mais de 600 originais, advindos de diversos estados brasileiros e da Alemanha, Espanha, Estados Unidos, Irlanda e Portugal.
Aquela que vejo pelo espelho foi um dos 25 originais contemplados na chamada de estreia da coleção.
Sobre a autora:
Fabiana Grieco (1983) nasceu em São Paulo. É mãe, escritora e professora. Em 2024, publicou Aquela que vejo pelo espelho, pela Editora Urutau, e a versão em espanhol do seu livro de poesia de estreia Uma mãe melhor do que eu, da Caravana Grupo Editorial de 2023. Autora de cinco livros para a infância, entre os quais Colar de Contas, publicado, em 2019, pela Editora Jaguatirica e selecionado, em 2022, pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo para o acervo de escolas e bibliotecas da Rede Municipal de Ensino. Graduada em Jornalismo, é mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC – SP e doutora em Ciências da Comunicação pela USP.
Para mais informações da autora: www.fabianagrieco.com
O lançamento de “Aquela que vejo pelo espelho” ocorrerá no dia 12 de setembro de 2024, às 16h, no espaço da Editora Urutau, estande B74.
Ficha técnica:
“Aquela que vejo pelo espelho”
ISBN 978-65-6035-010-6
96 páginas
13 cm x 16,5 cm
Autora: Fabiana Grieco
Coleção: Mãe leva outra
Editora: Urutau
Preço: 48 reais
Disponível para compra pelo link: https://editoraurutau.com/titulo/aquela-que-vejo-pelo-espelho