“Amor de Baile”: peça celebra o movimento Black Rio dos anos 70

Com Supervisão Geral de Dom Filó, Amor de Baile revive os bailes da periferia da época para trazer reflexões sobre afetividade negra e empoderamento racial 

Cabelos orgulhosamente crespos, roupas personalizadas que exalam autenticidade e muito amor preto envolvido. Esses são alguns dos elementos que compõem o espetáculo multilinguagem “Amor de Baile”, que mergulha na efervescência cultural do movimento Black Rio, destacando a afetividade e o empoderamento racial presentes nos bailes da década de 70. A peça promove reflexões sobre o amor entre pessoas racializadas como uma poderosa ferramenta de resistência ao racismo e celebra a estética e a autoestima da população negra brasileira.

A partir das múltiplas linguagens poéticas que permeiam o Baile Black da década de 70, em paralelo à manifestações artísticas da periferia contemporânea, a peça valoriza a afetividade dos encontros gerados por esse movimento. Tati Villela, dramaturga do espetáculo, destaca: “Dando espaço para as sensorialidades através do balanço dos corpos e da música, os corpos negros dizem por si só. Como diz Leda Maria Martins em ‘Afrografia da memória’, nosso corpo fala”, reflete. Ao mesmo tempo, “Amor de Baile” também questiona a criminalização da cultura favelada e suburbana, promovida pelos efeitos do racismo estrutural, institucional e midiático.

Em meio à ditadura militar, os Bailes de Soul Music fomentaram a produção artística suburbana e a exaltação da estética e autoestima da população negra brasileira. “Beije sua preta em praça pública” dizia a capa do Jornal – Movimento Negro Unificado. Partindo dessa provocação, o espetáculo “Amor de Baile” aborda quais ferramentas de luta contra o racismo a juventude black dos anos 70 utilizou para se aquilombar e combater o racismo, como destaca Juliane Cruz, atriz, dramaturgista e idealizadora do projeto. “Para além do amor romântico, amor como um movimento político, como fenômeno social, amor pela sua negritude e pelo seus iguais”, ressalta.

Sob a perspectiva estética, política e poética da frase “Black is beautiful!”, movimento cultural iniciado nos Estados Unidos, é desenvolvida a narrativa da peça, como ressalta Rei Black, diretor artístico do projeto.

“Nos meados dos anos 70, com a influência deste movimento, os negros passaram a assumir sua própria identidade com orgulho e atitude. Mesmo nos anos de maior repressão da ditadura, foi possível reconectar nosso povo preto, unindo milhares de pessoas com o propósito de dançar, se reconhecer e se amar”, destaca.

Com uma linguagem contemporânea, lúdica e afro futurista, “Amor de Baile” é um espetáculo multilinguagem. “Há teatro, dança, canto, poesia, audiovisual e muito amor entre pessoas pretas, resgatando memórias e retratos vividos por pessoas que atravessaram e viveram essa revolução preta no subúrbio carioca”, ressalta o diretor artístico.

SERVIÇO

Data: 30 de maio a 30 de junho – de quinta a domingo (exceto entre os dias 20 e 23 de junho de 2024)

Horário: 19h (quinta a sábado), 18h (domingo)

Endereço: Teatro II Sesc Tijuca (Rua Barão de Mesquita, 539, Tijuca, Rio de Janeiro – RJ)

Valor do ingresso: Gratuitos para credenciados PCG, R$7 credencial plena, R$15 meia-entrada e R$30 inteira.

Classificação: 12 anos

Ingresso: Adquiridos na bilheteria do Sesc Tijuca

Bilheteria – Horário de funcionamento:

Terça a sexta – de 7h às 19h30;

Sábados – de 9h às 19h

Domingos – de 9h às 18h.

FICHA TÉCNICA

Elenco: Adrielle Vieira, Juliane Cruz, Junior Melo, Letícia Ambrósio, Lucas Sampaio e Wayne Marinho

Direção Artística: Rei Black 

Direção de Movimento: Gabriela Luiz 

Direção e Produção Musical: Beà Ayòóla 

Dramaturgia: Tati Vilella

Dramaturgista: Juliane Cruz 

Figurino: Carla Costa 

Cenografia: Cachalote Mattos 

Iluminação: Jon Tomaz 

Mentoria Vocal: Daniel Motta

Produção: WDO Produções

Coordenação de Produção: Wellington de Oliveira

Voz Off: Nathalia Grillo

Idealização: Juliane Cruz e Junior Melo

Supervisão Geral: Dom Filó

Social media: Nathália Brambrila 

Designer: Guile Farias 

Direção de Imagem: Carolina Godinho

Acervo e Imagens: Cultine

Assessoria de imprensa: Monteiro Assessoria de Imprensa 

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