Como foi a curiosa e misteriosa morte de Edgar Allan Poe?

Um dos maiores autores de mistério e horror, Edgar Allan Poe teve uma vida rodeada de mistério e estranheza. E a morte também. Foi considerado o primeiro autor americano a viver somente de sua literatura, o que lhe trouxe pouca estabilidade financeira e uma vida, em geral, bastante difícil.

Certo dia, foi encontrado perambulando por Baltimore, “claramente perturbado”. Segundo Joseph W. Walker, a pessoa que o encontrou, o escritor estava “muito angustiado, e (…) precisava de ajuda imediata”. Poe foi levado ao hospital da Universidade Washington (Washington College Hospital), onde morreu num domingo, às 5 horas de 7 de outubro.  Em nenhum momento o escritor contou com a lucidez necessária para explicar de forma coerente como havia chegado àquele estado. Entre as possíveis causas, estão excesso de álcool e drogas, tuberculose e até suicídio. Mas as teorias conspiratórias não param por aí. 

Depois de um pequeno funeral, Poe foi enterrado no cemitério anexo à igreja de Westminster (Westminster Hall and Burying Ground) mas, anos mais tarde, em 1875, seus restos mortais foram transferidos para um monumento maior. Este último marca também o lugar de enterro de sua esposa, Virginia, e o de sua sogra, Maria Clemm.

Veja também: Por que não esperar (só) terror ao ler Edgar Allan Poe

Em uma carta também de seus últimos meses para Maria Clemm, de 1849, reconhece haver sofrido um delirium tremens:

“Durante mais de dez dias estive totalmente transtornado, fora de mim, ainda que não tenha bebido uma só gota [de álcool]; durante esse lapso, imaginei as calamidades mais atrozes. Foram somente alucinações, consequência de um ataque como jamais havia experimentado em minhas carnes, um ataque de mania-à-potu [delirium tremens].”

A hipótese mais provável

Uma das hipóteses mais aceitas é que Poe foi vítima de “cooping”, uma ação eleitoral truculenta, organizada por gangues, que capturava pessoas aleatórias (em geral, as que estavam à margem da sociedade) e as forçava a votar inúmeras vezes em um único candidato. Para isso, a gangue embebedava as vítimas, para que não resistissem tanto à agressão. Como o escritor morreu em um ano eleitora, isso explicaria por que ele foi encontrado em forma tão lastimável no dia de sua morte. Infelizmente, nunca teremos certeza. 

Em seu atestado de óbito, consta que Poe morreu de “congestão cerebral”. Com um diagnóstico vago como esse e uma vida envolta em mistério, não é à toa que, até hoje, conspira-se sobre a verdadeira causa de morte desse escritor tão célebre. 

Veja também: Veja 25 ilustrações da obra de Edgar Allan Poe

A versão do escritor argentino Julio Cortázar, uma autoridade sobre o autor em espanhol, tradutor e exégeta de toda sua obra em prosa, afirma o seguinte:

Foi dito que Poe, nos períodos de depressão derivados de uma evidente debilidade cardíaca, acudia ao álcool como um estimulante imprescindível. Apenas bebia e seu cérebro pagava as consequências. Este círculo vicioso fechou-se outra vez durante a viagem a Baltimore. Os médicos haviam lhe assegurado em Richmond que outra recaída seria fatal, e não se equivocavam.

Fonte:
https://revistagalileu.globo.com/blogs/estante-galileu/noticia/2016/03/6-mortes-de-escritores-mais-esquisitas-que-ficcao.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Morte_de_Edgar_Allan_Poe

Related posts

Limerência: as projeções e vulnerabilidades de Júlia Gamarano em “Ao meu único desejo”

“A imagem fantasma”, de Hervé Guibert, investiga as múltiplas dimensões da fotografia

“Ode à errância”: a poesia de Adonis, o maior poeta vivo de língua árabe