Neste mês de março, no dia internacional da mulher, foi lançado o primeiro livro independente solo da escritora paulista Fernanda Oz, Fragmentos do Incomum que nos Une. Oz já havia escrito o roteiro do quadrinho nacional Planeta Morto em 2012 e publica diversos de seus textos em sua página no Facebook, e agora, neste 8 de março, fez sua estreia com maestria na publicação literária autoral independente: em Fragmentos do Incomum que nos Une, encontramos diversas prosas poéticas que incitam os leitores a refletir sobre os mais diversos tópicos de cunho pessoal, cuja reflexão tem o potencial de atingir em cheio a alma dos leitores, como fazem os melhores poetas desde o início dos tempos.
O livro é dividido em diversas prosas poéticas breves, de uma a duas páginas, ou seja, é uma leitura rápida, de impacto instantâneo e duradouro. Cada prosa poética possui um título próprio e pode ser lida individualmente, estrutura esta que lembra um pouco o livro Spleen de Paris, de Baudelaire. É uma obra que você pode devorar de uma só vez, ou, se conseguir resistir, ir lendo aos poucos, em ordem ou também fora de ordem, e depois ir relendo seus poemas em prosa favoritos sempre que desejar.
Com uma escrita na qual um lirismo próprio desabrocha a cada frase, o estilo de escrita de Oz já encanta por si, e, quando somado à originalidade com que retrata suas ideias, temos então o pacote completo daquilo que a poesia nacional vinha esperando há tempos: lirismo vivo, pulsante, envolto em sombras fragmentadas. Podemos perceber uma melancolia intrínseca nas palavras de Oz, herança, talvez, de poetas célebres como Plath, Poe ou Baudelaire, ou mais provavelmente melancolia esta presente porque, assim como indica o título da obra, é um sentimento que nos une, por mais que possa de apresentar de formas incomuns e variadas para cada um de nós.
Um exemplo do lirismo forte e marcante se faz presente no trecho seguinte, provando como Oz faz sua voz ecoar em nossas mentes através de sua escrita confessional e poética: “Eu quero entrar nas brechas do meu próprio ser. Quero me encontrar com o outro que habita em mim. Eu descobri algumas coisas na escuridão… Descobri algumas das coisas que me guiaram até aqui. Me leve para algum lugar onde eu possa me banhar no vazio.” (OZ, 2019, p. 50)
Destaque também para as prosas poéticas Pacto (página 53), em que podemos sentir ecos de uma perspectiva um tanto nietzschiana, assim como o incrível O Eco do Abismo (página 35), que incita uma reflexão a qual lembra até mesmo o conto O Demônio da Perversidade de Poe, ou Memórias do Subsolo de Dostoiévski.
Oz, além de escritora, também cursa psicologia, conhecimento este que se deixa transparecer em seus escritos, como na prosa poética Espelhos (página 17), que inicia da seguinte forma: “Pendurei espelhos nas paredes do inconsciente, para quem sabe assim enxergar o outro lado que existe em mim […]” (OZ, 2019, p.17). Enfim, são muitas as prosas poéticas deste livro que merecem destaque, no entanto, recomendo que você adquira logo a obra e tire suas próprias conclusões, selecione suas prosas poéticas favoritas e, se desejar, comente conosco quais foram estas. A obra Fragmentos do Incomum que nos Une está disponível na Amazon, em eBook Kindle.