Após incontáveis recusas de editoras, o ilustrador Eduardo da Costa Mendes resolveu publicar suas histórias. De forma artesanal, aprendeu sozinho a confeccionar todas as etapas para a produção: desde a capa até a montagem do livro.
“Eu trabalho com ficção científica, terror e horror. Sempre recebia recusas; sempre fui negado; não deu mais. Então abri minha própria editora, porque, se ninguém quer me publicar e eu não consigo parar de escrever, está na hora de me alavancar e me autopromover. E então eu surgi e criei meu selo editorial, que se chama Elmo Negro Livros Artesanais”, comentou em entrevista.
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Além do mercado editorial apresentar certa restrição a publicações de livros que abordam o fantástico, principalmente quando possuem aspectos regionais, ele identificou também outra dificuldade para o autor independente: o custo de produção do livro. Por isso, criou seu próprio projeto gráfico, utilizando material reciclado em suas obras: “Porque eu não ia alcançar os mesmos padrões de visibilidade dos grandes autores. Então, não fazia sentido eu querer entregar material do mesmo nível de qualidade. Então, isso me incentivou a migrar para o meu próprio projeto gráfico”.
De modo a tornar o processo mais econômico, aprendeu a fazer os livros pela internet e investiu em tiragens menores: de 10 a 100 exemplares, variando de acordo com o evento que participa. “Comecei a estudar e a aprender. Fiz vários cursos bem simples de vídeo-aula no YouTube, aprendi a executar processos de costura e fui descobrindo quais eram as ferramentas utilizadas nos processos de dobra, acabamento e furação de papel, ampliando assim meus conhecimentos.”

Com o livro “Corumbá Reinventada”, ele participou da 1ª Bienal do Pantanal, que ocorreu em outubro deste ano. O livro, uma coletânea de 10 contos que tem a cidade de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, como plano de fundo, aborda mitos e histórias antigas de modo que crianças e jovens possam ter acesso a lendas que eram contadas oralmente:
“Corumbá tem uma grande tradição de contação de histórias baseada na roda de tereré. A gente sentava em roda, e isso era um meio de socializar antes de dormir. Nesse momento, eram contadas histórias do passado, geralmente de cunho sobrenatural. Muito disso vinha de lendas, como o Minhocão, o Pé de Garrafa e o Pomberinho. Existe uma gama de personalidades nas lendas locais,” destacou.

Além da paixão pela escrita, a determinação de Eduardo também surpreende – aos 33 anos, possui 21 livros publicados e 28 escritos. Entre os títulos do autor, estão: “O Restaurante do Fim do Mundo”, “O Jogo dos Planetas” e “Ictus Vitae”.


