“Apanhador de Almas” (2025): a força silenciosa de Klara Castanho em filme de terror brasileiro

Em um eclipse solar total, quatro garotas adentram a casa de uma bruxa misteriosa em busca de um ritual que promete poder. O que elas encontram, porém, é um pesadelo. Aprisionadas em um limbo dimensional governado por uma entidade aterradora conhecida como o Apanhador de Almas, elas descobrem que somente uma terá a chance de sair viva. Esta é a premissa eletrizante de Apanhador de Almas, longa dirigido por Fernando Alonso e Nelson Botter Junior, que oferece uma experiência visual imersiva e cheia de atmosfera.

O filme se destaca imediatamente por sua concepção visual. A direção de arte e a fotografia trabalham em perfeita sintonia para criar um universo claustrofóbico e onírico, no qual  o eclipse não é apenas um pano de fundo, mas um personagem silencioso que dita as regras do terror. A casa da bruxa e o limbo dimensional são construídos com um cuidado estético notável, capturando a estranheza e o perigo que permeiam cada cena. É uma obra para ser vista e sentida, com uma identidade visual forte.

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No centro da trama, as quatro jovens são conduzidas por um elenco que entrega momentos de grande intensidade. Klara Castanho brilha, construindo uma personagem complexa quase que silenciosamente, através de expressões corporais e olhares que comunicam medo, determinação e vulnerabilidade. Ao seu lado, Angela Dippe demonstra toda sua experiência, comandando a tela com uma presença técnica e cheia de nuance, que acrescenta camadas de credibilidade ao conflito sobrenatural. Larissa Ferrara e Priscila Sol cumprem bem seus papéis, funcionando como peças essenciais nesse jogo de survival horror.

É inegável que o filme é um exercício de estilo ambicioso. Os diretores Fernando Alonso e Nelson Botter Junior provam ter um olhar afiado para composição de cena e ritmo visual, criando sequências que são verdadeiros quadros vivos de tensão e horror. A escolha de mergulhar o público no mesmo limbo que as personagens é eficaz – nos sentimos tão desorientados e apreensivos quanto elas, graças a uma direção que privilegia a imersão.

A premissa, que combina drama pessoal com horror sobrenatural, é honesta e serve como um convite irresistível para os fãs do gênero. O filme levanta questões sobre ambição, medo e sobrevivência, usando o pano de fundo do ritual mágico para explorar a dinâmica entre as personagens.


Apanhador de Almas é, acima de tudo, uma experiência cinematográfica que vale a pena ser vivida. Se você busca um filme que oferece uma atmosfera densa, visuais inventivos e atuações que carregam o peso da narrativa, esta  é uma forte recomendação. Assista com a expectativa de se deixar levar por seu universo peculiar e por sua estética cuidadosamente construída. Mais do que um thriller convencional, é uma viagem visual e sensorial que deixa uma marca – e, no cinema de horror, isso já é uma conquista e tanto.

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