Aos 89 anos, idosa que só estudou até a quinta-série, se torna finalista de prêmio literário

Aos 89 anos, Maria Moura dos Santos, uma idosa mais conhecida como Maria Toinha, alcançou o posto de finalista do Prêmio Sim à Igualdade Racial 2025, na categoria Educação – Inspiração. Mãe de santo, escritora e residente em Paraipaba, no Ceará, ela ganhou reconhecimento nacional por sua trajetória de resistência, sabedoria e luta.

Nascida em 1936, Maria superou inúmeras dificuldades, como a seca de 1958. Com estudos até a quinta série, trabalhou desde cedo para ajudar no sustento da família. Ao longo dos anos, descobriu seu próprio jeito de educar e impactar vidas. “Estou emocionada, porque na minha idade nunca vivi algo assim”, declarou ao Diário do Nordeste.

Aos 14 anos, ela abraçou a Umbanda, religião que a ensinou o amor e o cuidado ao próximo. “Depois que a Umbanda entrou na minha vida, tudo mudou. Me tornei uma pessoa caridosa, sempre ajudando quem precisava. E continuo assim. Aprendi a amar.” Mesmo diante do preconceito e da intolerância religiosa, ela perseverou: “Nem queira saber o que sofri… Mas, graças a Deus, superei tudo.”

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Das lembranças às páginas dos livros

Em 2016, a pedido do neto Marcos Andrade, escritor e mestre em Sociologia, Maria começou a registrar suas memórias, que resultaram em quatro obras. Marcos é responsável por transcrever e organizar os relatos, mas preserva a voz e a autoria da avó. “Ela narra, eu escrevo e estruturo, mas a história é dela. A narrativa só existe porque ela a conduziu”, explicou.

“‘Vó, me conte umas histórias da sua vida, do seu passado’. Ele estava estudando, fazendo os trabalhos dele da escola. Eu sentei perto dele e ele disse isso. Então, comecei a contar. No outro dia, de novo. E de novo. Quando pensei que não, a coisa estava era grande, já”, contou em matéria do Terra.

Sobre o prêmio 

O Prêmio Sim à Igualdade Racial é promovido pelo Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) e reconhece iniciativas que promovem a igualdade racial. Em 2025, o evento destaca também pautas como justiça climática e questões de gênero, com foco nas regiões Norte e Nordeste.

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