Autores radicados nos EUA desistem de vir a Bienal e Flip com medo de serem impedidos de voltar por Donald Trump

A política anti-migratória de Donald Trump está causando mais transtornos do que já era esperado. O setor cultural brasileiro também está sendo afetado diretamente pelas medidas de restrição à imigrantes e autores radicados nos EUA estão desistindo de vir ao Brasil para participar de eventos como a Bienal do Livro, no Rio de Janeiro e a Feira Literária de Paraty (Flip).

Os autores residentes nos EUA estão se negando a sair do país, com medo de terem problemas no momento do retorno. Uma autora americana laureada com muitos prêmios, convidada para a Flip, recuou por não se sentir confortável em fazer uma viagem mais longa para fora dos Estados Unidos. 

Em sigilo, a autora confessou que estava animada com a viagem à cidade de Paraty, entretanto, receia que o governo estadunidense declare emergência nacional ou Lei Marcial, por conta de possíveis onde de protestos, podendo dificultar seu retorno nas fronteiras.

Infelizmente ela não foi a única a recusar o convite da Flip, mesmo sendo natural dos Estados Unidos. Outros dois autores que possuem uma carreira estruturada naquele país, mas que não são naturais de lá, com atuação de destaque na academia, alegaram problemas de agenda.

Quando convidado à Bienal, que acontecerá no próximo mês na Capital Mundial do Livro, o Rio de Janeiro, um autor palestino que reside na cidade de Nova York, desistiu de participar do evento, após ser aconselhado a não sair do país por motivos de segurança.

Como se não bastasse sua ausência no evento, o escritor, também será privado de lançar dois livros por uma editora relevante e independente do Brasil, que já tinha planejada uma agenda robusta com o autor pelo Brasil. Uma lástima!

Autores radicados nos EUA e a urgência da pauta anti-migratória

A agenda anti-migratória imposta pelo atual presidente dos EUA tem afetado a vida de diversas pessoas, inclusive a de universitários estrangeiros, que estão com medo de sair dos Estados Unidos e terem seus vistos interrompidos ou suspensos, denotando o clima instável gerado pelas investidas de Donald Trump contra as instituições de ensino superior e pesquisa daquele país.

O governo atual tem controlado ostensivamente as atividades e a movimentação em campus universitários em retaliação às mobilizações pró-Palestina nas universidades desde o governo de Joe Biden.

Além da clara perseguição aos migrantes, Trump tem cortado financiamento à produção científica, congelado repasse de verbas a instituições de ensino superior que não o atendem e ameaçado estudantes com prisão, um ataque direto à liberdade acadêmica.

Sobre a Bienal do Livro do Rio de Janeiro

A Bienal do Livro ocorrerá entre os dias 13 e 22 de junho deste ano e é considerada uma das principais atrações culturais do Rio de Janeiro, que recebeu o título de Capital Mundial do Livro pela Unesco e pelo Comitê Consultivo da Capital Mundial do Livro, sendo a primeira vez que uma cidade de língua portuguesa recebe este título.

Um dos maiores festivais de literatura do país, espera receber mais de 600 mil visitantes na sua 19ª edição e contará com a presença de grandes nomes da literatura nacional e internacional. Serão mais de 300 participantes em 200 horas de conteúdo, homenageando o jornalista Ruy Castro.

A Feira Literária de Paraty

A Feira Literária de Paraty, em sua 23ª edição, acontecerá entre os dias 30 de junho e 3 de agosto deste ano, retornando ao seu período tradicional após 5 anos e tem como homenageado Paulo Leminski.

Paulo Leminski é conhecido por sua poesia, mas é ator de crônicas, contos e outras publicações, como seu romance “Catatau”. Paulo é um dos grandes nomes da literatura marginal do Brasil e se destaca por sua contribuição com uma produção literária que ultrapassa espaços hegemônicos e elitistas.

Patrimônio Histórico Cultural e Imaterial do estado do Rio de Janeiro e da cidade de Paraty, A Flip movimenta a cidade, reunindo personalidade da literatura e da cultura, com a promoção de ações que estimulam a leitura para pessoas de todas as idades.

Related posts

“Como Salvar a Amazônia”: livro que Dom Philips escrevia quando foi assassinado é publicado

Idosa de 90 anos volta a estudar e se forma na faculdade para ‘manter o cérebro vivo’

Estudante traduz “Quarto de Despejo”, de Carolina Maria de Jesus, para o Guarani