Projeto inusitado em cidade da América Latina possibilita que caixas eletrônicos distribuam poemas

Buenos Aires, capital da Argentina, destaca-se não só pela relevância histórica e cultural, mas também por sua rica tradição literária, que inclui grandes escritores como Jorge Luis Borges, Ernesto Sábato e Julio Cortázar.

Capital Mundial do Livro pela UNESCO em 2011, é também uma das cidades com mais livrarias per capita do mundo, ultrapassando Nova York, Paris e Londres.

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Além de dispor de uma variedade de livrarias e espaços dedicados à leitura, alguns são considerados, inclusive, atrações turísticas, misturando arquitetura histórica, galeria de arte, café e até palco para saraus e exposições. Como, por exemplo, a El Ateneo Grand Splendid, livraria eleita a “mais bonita do mundo” pela revista National Geographic e a segunda “mais importante” pelo jornal britânico The Guardian em 2008.

Todos esses fatores contribuem para a efervescência de projetos literários e culturais inovadores e criativos. Foi nesse cenário que a poesia encontrou uma forma inusitada de ampliar o seu público: os caixas eletrônicos.

As “poesiamáticas”, como são denominadas, fazem parte do projeto Cajero de Poemas, lançado durante a “Feria Internacional del Libro“, que tem como objetivo valorizar a literatura, homenagear autores e livros, estimular a curiosidade literária e aproximar as pessoas da poesia.

Os caixas eletrônicos, espalhados em pontos simbólicos da cidade, como livrarias, centros culturais e universidades, ao invés de apenas realizarem transações financeiras, passaram também a distribuir poemas gratuitamente. Para isso, basta que o usuário acione um botão especial “Quiero un poema”. Ao pressioná-lo, a máquina imprime um poema, frequentemente de autores argentinos renomados como Jorge Luis Borges e Alejandra Pizarnik, ou de escritores contemporâneos.

Os poemas podem conter ainda ilustrações, traduções ou até mesmo QR Codes que permitem ouvi-los em áudio. Alguns são impressos com aroma de papel antigo, intensificando a experiência sensorial. São também ideais para serem colecionados, guardados ou presenteados como cartões postais.

O projeto tem apoio de entidades culturais e editoras independentes e a seleção é feita por uma curadoria literária ou enviados por escritores locais. Inspirados nessa mesma proposta, alguns bares e cafés da cidade adotaram a distribuição de poemas junto com a conta. E outras cidades como Madrid, Montevidéu e São Paulo desenvolveram projetos similares.

Essa iniciativa demonstra que a poesia pode estar presente nos lugares mais inesperados, surpreendendo ou emocionando em meio à agitação urbana e às atividades diárias.

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