A diretora Anna Muylaert, que vai dirigir a adaptação da canção Geni e o Zepelim de Chico Buarque para os cinemas, se pronunciou sobre as acusações de ter escalado uma “trans-fake” para o papel de Geni.
A escolhida foi a atriz Thainá Duarte, que, no caso, teria que interpretar possivelmente uma travesti carioca, personagem do no musical original Ópera do Malandro.
Em suas redes, ela convidou amigos e amigas trans para “conversar” e disse que a escolha foi por uma questão de lugar de fala e que a obra deixa “várias interpretações”: “A gente entendeu que essa poesia poderia ter várias interpretações, e que a gente poderia fazer essa versão amazônica cis com a atriz Thainá Duarte.”
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Leia o relato de Anna Muylaert:
“Quero explicar tudo. Durante o processo de criação deste filme, a gente entendeu que a letra do Chico e o conto do [autor francês] Guy de Maupassant, Bola de Sebo, no qual o Chico diz ter se inspirado, poderiam ter várias leituras: poderia ser uma mulher trans; poderia ser uma mãe solteira; poderia ser a Fabiana Silva da Favela do Moinho, uma carroceira; poderia uma presidente tirada do poder sem crime de responsabilidade; poderia ser uma floresta atacada diariamente por oportunistas”
E finaliza:
“Diante da reação da comunidade trans, quero vir aqui abrir o debate e jogar a pergunta: essa letra do Chico, essa poesia, hoje em 2025, o mito Geni só pode ser interpretada como um uma mulher trans?”