“Contos de Horror da Mimi”: mangá inspirado em histórias reais que assombram o Japão — Ito, é claro, adapta os relatos com o seu toque de excentricidade
“A realidade é mais estranha que a ficção” – é o que reconhece Junji Ito ao dar vida à personagem Mimi, uma garota atormentada pelos acontecimentos para lá de estranhos em Contos de Horror da Mimi. A expressão, atribuída ao poeta britânico Lord Byron, não poderia ser mais verdadeira neste mangá, pois cada episódio da adaptação de Ito, inspirada nas histórias reais coletadas e compiladas por Hirokatsu Kihara e Ichiro Nakayama no livro Shin Mimibukuro, é uma bela amostra de que às vezes a realidade pode nos colocar em situações tão inusitadas e assustadoras quanto qualquer mente criativa seja capaz de imaginar.

“Assim como em Fragmentos do Horror, Junji Ito transpõe de forma magistral para os mangás relatos de eventos misteriosos e sobrenaturais, dando continuidade ao legado de tradição milenar dos kaidan, os contos de horror e de fantasmas.”
Fascinado pelas estranhezas apresentadas pelo livro de Kihara e Nakayama, Junji Ito não pensou duas vezes quando surgiu a oportunidade não só de transformar os relatos daquela obra em mangá, mas também de agregar neles o seu toque de excentricidade. As histórias de Contos de Horror da Mimi foram originalmente publicadas em série na revista japonesa de mangá Comic Flapper, entre junho de 2002 e abril de 2003, mesmo ano em que foram compiladas em volume único. Depois de quase duas décadas, o título foi reeditado e voltou às prateleiras japonesas, esgotando-se em pouquíssimas semanas.
A rotina da Mimi poderia ser como a de muitos estudantes universitários da sua idade, não fossem os eventos sobrenaturais e aterrorizantes que parecem persegui-la. Ora deparando-se cara a cara com a morte, ora sentindo-se observada e coagida por seus estranhos vizinhos, Mimi passa a acreditar cada vez mais nas forças ocultas do universo, o que acaba gerando conflito com seu cético namorado, que se mantém convicto de que tudo não passa da mais pura imaginação e a manifestação de seus medos.
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Já “O Boneco de Assombração” retrata a experiência de uma mulher chamada Sakurai, que resgata a memória perturbante da sua infância para criar um boneco para a casa de terror de um parque de diversões. A partir de então, ela passa a testemunhar acontecimentos misteriosos.
Assim como em Fragmentos do Horror, Junji Ito transpõe de forma magistral para os mangás os relatos de eventos misteriosos e sobrenaturais de Shin Mimibukuro, dando continuidade ao legado de tradição milenar dos kaidan, os contos de horror e de fantasmas.
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SOBRE O AUTOR
Junji Ito nasceu em Gifu, no Japão, em 1963. Publicou o seu primeiro mangá em 1987 e, desde então, é reconhecido como um dos maiores artistas a trabalhar no gênero de horror. Dele, a DarkSide® Books publicou Fragmentos do Horror (2017) e Contos de Horror da Mimi (2022). Entre seus trabalhos, estão Tomie e Uzumaki, ambas adaptadas para o cinema, e Gyo, transformada em filme de animação. As influências de Ito incluem os artistas de mangá de horror clássico Kazuo Umezu e Hideshi Hino, assim como os autores Yasutaka Tsutsui e H.P. Lovecraft.
Nascido em Hyogo em 1960, Hirokatsu Kihara autointitula-se colecionador de mistérios. Depois de graduar-se na Universidade de Artes de Osaka e trabalhar na Top Craft, estúdio de animação que produziu Nausicaä do Vale do Vento, ingressou no recém-fundado Studio Ghibli, onde atuou na produção de Meu Amigo Totoro e O Serviço de Entregas da Kiki. É coautor de Shin Mimibukuro.
Ichiro Nakayama nasceu em Hyogo em 1959 e é graduado pela Universidade de Artes de Osaka. Estreou como escritor com Shin Mimibukuro – Anata no Tonari no Kowai Hanashi (Novo Mimibukuro – Histórias Assustadoras Próximas a Você, em tradução livre), em 1990, concebido em coautoria com Hirokatsu Kihara, com quem lançou a série Shin Mimibukuro em 1998. É autor de outras obras relacionadas ao tema kaidan. Também é colecionador de mistérios e pesquisador de ocultismo.