Frei Betto reescreve história do “Jesus Militante” pensando no protagonismo de Jesus na derrocada do Império Romano e na defesa dos mais pobres e oprimidos
Frei Betto escreveu este livro atento àqueles que se queixam de não compreender os evangelhos e não entender o caráter militante da missão de Jesus. Daí a escolha do Evangelho de Marcos, o primeiro dos quatro, e a base dos relatos de Mateus e Lucas.
A atuação militante de Jesus ecoou como uma boa-nova. Suscitou Comunidades Eclesiais de Base por toda a orla do Mediterrâneo. E, três séculos depois, pôs abaixo o Império Romano.
Jesus não veio fundar o cristianismo ou a Igreja. Veio nos propor um novo projeto político, condensado na expressão Reino de Deus – uma sociedade apoiada em dois pilares: nas relações pessoais, o amor; nas sociais, a partilha dos bens da Terra e dos frutos do trabalho humano.

O que disse Frei Betto sobre o Jesus Militante?
Na apresentação do livro, Frei Betto, um dos maiores defensores dos mais pobres e oprimidos, escreveu:
Escrevi Jesus militante a partir de minhas convicções sobre a missão do Filho do Homem. Os evangelhos sempre me intrigaram. Não são relatos históricos. Foram escritos para animar a fé das primeiras comunidades cristãs. Mas se baseiam em fatos reais, embora contenham “adaptações” de episódios do Primeiro Testamento.
A vida de Jesus foi marcada pelo conflito. Seus pais – Maria e José – sofreram perseguição do Rei Herodes e se viram obrigados a se exilar no Egito. Seu primo e precursor, João Batista, morreu assassinado por ordem do governador da Galileia, Herodes Antipas. Jesus rompeu com o poder religioso do Templo de Jerusalém. Foi um dissidente. Criticou o Império Romano por ocupar a Palestina. Considerado subversivo, o prenderam, torturaram, submeteram ao julgamento de dois poderes políticos e o condenaram à morte na cruz. Ousou, dentro do reino de César, anunciar um novo projeto civilizatório: o Reino de Deus.
Escolhi o Evangelho de Marcos por ser o relato mais próximo do Jesus histórico. E o que melhor descreve o Jesus humano. Em anos de pesquisas, convenci-me de que Jesus não veio fundar uma religião (o cristianismo) nem uma Igreja (a cristã). Veio resgatar o projeto original de Deus para toda a humanidade, fundado no amor e na partilha. E o fez a partir do que, séculos depois, inspiraria a pedagogia libertadora de Paulo Freire: o protagonismo dos pobres e oprimidos.
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A institucionalização do movimento de Jesus em uma Igreja vinculada ao poder e apegada a seu vasto e rico patrimônio arrefeceu o impacto da militância de Jesus. Fora da massa, o fermento perdeu parte de sua força revitalizadora.
Ora, não é nos sacrários que Jesus quer ser preferencialmente encontrado. E sim naqueles que, como Ele, são marginalizados, excluídos, injuriados e injustamente condenados. São eles os artífices do projeto libertador condensado na expressão Reino de Deus.
Espero que este livro suscite nos leitores e nas leitoras a mesma esperança e o mesmo vigor do Jesus militante.
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