Para algumas pessoas, nada melhor do que uma boa dose de música triste para matar a tristeza (ou abraçá-la). Seja como for, as músicas a seguir falam de “amores perdidos” ou inalcançáveis, desejos reprimidos e “saudades”. O famoso termo “bad” hoje virou uma gíria que expressa algo mais do que “estar mal”, e por esse e outros motivos, até facilitou que algumas pessoas expressassem suas tristezas de forma mais aberta.
Por último, sei que muitas músicas nesse estilo deixam o ouvinte pior ainda, então, se você for uma pessoa assim, não as ouça (não agora).
Música: Blizzard Of ’77
Artista: Nada Surf
Álbum: Let Go
Essa é uma das músicas que não parecem, ao primeiro contato, que fale algo de amor. Talvez só no final quando se repete várias vezes “sinto mais saudades de você do que imaginava” que você ache estranho. Mas não deixe-se enganar, o ritmo simples dessa banda dos anos 90 e a letra podem parecer sem nexo, constroem imagens abstratas de carros atolados na neve (?) e depreciação da própria imagem com insetos de todos os tipos. Mas tudo isso na verdade diz sobre como era estar com alguém que já se foi, e sobre uma autocrítica do seu eu no presente. E se você não entendeu o que ele diz com “nevasca de 77”, bem… eu também não.
Música: Everything Reminds Me Of Her
Artista: Elliott Smith
Álbum: Figure 8
Pessoalmente Elliott é um dos meus maiores salvadores da bad, mas como falei no início, ele pode causar um efeito (bem) contrário em outras pessoas. Nessa música o título é autoexplicativo, ela fala da falta que se sente da pessoa amada e que tudo traz a lembrança dela. O que torna a música tão especial é a identificação que Elliott cria através da sutileza. Essa situação, em que os amigos que tentam lhe ajudar com o “mesmo sermão de sempre”, e alterna por vezes sua voz para alguém que lhe pergunta: “por que você olha para o vazio, chorando? só porque você passou por isso e perdeu?…”, voltando então para sua voz antiga: “tudo me faz lembrar dela”, é um retrato atual e (há quem diga) cruel dos términos amorosos.
Música: Casimir Pulaski Day
Artista: Sufjan Stevens
Álbum: Illinois
A formação religiosa de Sufjan lhe rendeu algumas músicas de mesmo teor e, ao contrário de muitos artistas gospel, ele conseguiu fazer isso sem parecer forçado ou se servindo de clichês. Dessa lista, Casimir Pulaski Day é a que pode ser mais diferente, não só pela duração, como também pela temática de “amor perdido” mais concreto. A pessoa amada realmente se foi, devido à uma doença. Ouvimos a narrativa de sua morte e as lembranças que a mulher tem num tom nostálgico de deixar o coração feito chiclete.
Música: Fade Into You
Artista: Mazzy Star
Álbum: So Tonight That I Might See
Há quem diga que essa música fale de uma traição, mas com certeza fala da vontade de encontrar aquilo que se deseja na pessoa amada, até se perceber perdido no meio da vida dela: “desaparecer em você… estranho que nunca soube…”. Do começo ao fim ficamos imersos nessa vibe de despedida, de aceitação, de que o relacionamento não era como um dos dois pensava, de perda de identidade… Talvez realmente não fale disso tudo, mas é definitivamente uma música que dá um abraço quando se está no meio de uma desilusão amorosa.
Música: Lorelai
Artista: Fleet Foxes
Álbum: Helplessness Blues
Esse ritmo folk e melódico é tão cheio de figura de linguagem que deixa qualquer coração frágil em pedaços. O sentimento saudosista que a provável história de abandono cria (“eu era notícia velha para você… notícia velha…”), acaba fazendo você sentir saudades de alguém também; mesmo que esse alguém nem exista para você sentir falta. Mas que droga, Lorelai!
Música: Black
Artista: Pearl Jam
Álbum: Ten
Aqui temos a boa e crua dor de cotovelo, o efeito psicossomático que a perda causa (“estou girando, oh, estou girando… quão rápido o sol pode ir embora?”) e a tristeza em saber que a pessoa amada era tudo, mas infelizmente: “Eu sei que você será uma estrela no céu de outro alguém, mas por quê? Por que não pode ser no meu?“. Nunca saberemos a resposta.
Música: Time After Time
Artista: Iron and Wine (original Cyndi Lauper)
Álbum: (single)
Diretamente dos anos 80, dessa vez cantado por um carinha barbudo bem legal, temos de novo a solidão e a reconstrução de momentos passados num quarto escuro às 3 da manhã. Não ter mais a pessoa amada (que não te ama mais) só não é pior do que ficar refém dela, que é o caso dessa música:
“Se você está perdido, você pode olhar que vai me encontrar
Tempo após tempo
Se você cair eu vou te pegar
estarei esperando
Tempo após tempo…”