A escritora argentina Samanta Schweblin, um dos maiores nomes da ficção contemporânea latino-americana, reitera seu domínio da narrativa breve com seis histórias que já nascem clássicas. Em todas elas, personagens vulneráveis e profundamente humanas têm suas vidas transformadas de modo irreversível quando confrontadas com situações inquietantes que irrompem onde menos se espera: em plena ordem cotidiana.

Discípula de Edgar Allan Poe na arte da construção atmosférica, Schweblin sugere mais do que afirma e, com isso, nos conduz a um clima de alta voltagem premonitória. Ao adentrar seu universo, sabemos que basta um ínfimo detalhe para que a tragédia se anuncie e o familiar se torne estranho, revelando-se toda a fragilidade do nosso pacto com o real.
“O assombro nos deixa desarmados diante de algo que supúnhamos familiar e que em um instante passa a parecer absolutamente novo. A experiência de ler a grande Schweblin produz esse movimento. Há um antes e um depois, e uma lembrança de algo que nunca nos deixará.” — Enrique Vila-Matas
Os contos dão atenção a personagens que frequentemente não têm espaço na literatura. É o caso dos animais — o coelho em “Bem-vinda à comunidade”, ou o cavalo de “Um animal fabuloso” — e das mulheres mais velhas, inesquecíveis, de “William na janela” e “A mulher de Atlántida”. Sem sociologizar, Schweblin enfoca os atípicos (“O olho na garganta”) e outros aspectos de marginalidades sociais, como as atitudes do rapaz desajustado de “O Todo-Poderoso faz uma visita”.
Talvez por isso as seis histórias deste livro sejam a um só tempo trágicas e venturosas, permeadas por culpa, solidão e luto, mas também por laços de família, amor e saudade. Através do insólito que desorganiza a vida, tudo se passa conforme o título anuncia: o mal é um bem necessário. Ou, ainda — porque nas narrativas nada é o que parece —, a bondade pode ser maléfica.
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Quem é Samanta Schweblin?

Samanta Schweblin nasceu em Buenos Aires em 1978 e desde 2012 vive em Berlim. Vencedora de prêmios importantes como Juan Rulfo, Casa de las Américas e National Book Award, é autora dos volumes de contos reunidos em Pássaros na boca e Sete casas vazias (Fósforo, 2022) e do romance Distância de resgate (Fósforo, 2024), que foi adaptado para o cinema e, assim como Kentukis (Fósforo, 2021), finalista do International Booker Prize. Sua obra foi traduzida para mais de quarenta idiomas.
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