Mesmo tendo publicado diversos romances, peças de teatro e ensaios, o escritor peruano Mario Vargas Llosa, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 2010, disse ao jornal espanhol El país, em 2014, que a primeira tentativa para escrever literatura infantil havia fracassado: “O gênero me derrotou”, comentou o escritor na época. No entanto, acabou sendo bem sucedido na segunda tentativa.
A publicação de Fonchito e a lua fez parte do projeto da Alfaguara espanhola de publicar os grandes nomes da literatura do país para crianças menores de dez anos. Convidado pelo idealizador do projeto, Arturo Perez Reverte, Vargas Llosa contou que escrever um livro infantil “foi a realização de um sonho muito antigo, de um projeto que estava abandonado e que há muito gostaria de ter retomado”. Ele explicou que até então não tinha encontrado uma história em que realmente acreditasse: “É muito mais difícil escrever para crianças do que para adultos. E eu acredito numa necessidade urgente de projetos que fomentem a literatura para os pequenos, uma vez que, possivelmente, é essa a única saída para evitar o empobrecimento das próximas gerações”.
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Em 2010, o livro foi originalmente publicado com ilustrações de Marta Chicote Juiz. A edição brasileira foi lançada pela Companhia das Letrinhas em 2011.

Sinopse: No livro, o pequeno Fonchito morre de vontade dar um beijinho no rosto de Nereida, a menina mais bonita da escola. Mas como nem tudo é tão simples, Nereida só aceitará o carinho se Fonchito puder lhe trazer, nada mais nada menos, do que a lua! Em Lima, capital peruana onde se passa a história, a lua aparece muito pouco já que o céu quase sempre está nublado. Mas como nada é impossível, no terraço de sua própria casa, numa noite de sorte, Fonchito descobrirá uma maneira de conseguir o que tanto queria.
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“Que a literatura pode desaparecer, que pode terminar confinada às minorias, todos sabemos. Essa perspectiva seria um retrocesso absurdo para a cultura de todas as sociedades. Somente com a boa literatura adquirimos a sensibilidade, o poder imaginativo, aprendemos a confrontar nossos desejos e anseios e, fundamentalmente, a formar um espírito crítico sobre o mundo em que vivemos e estamos construindo”, afirmou o escritor.
No segundo livro, retoma o personagem principal Fonchito já mais crescido. Com ilustrações de Zuzanna Celej, O barco das crianças foi publicado originalmente em 2014, e, dois anos depois, lançado no Brasil.

Sinopse: Diariamente, ao se preparar para ir à escola, Fonchito vê de sua casa um homem sentado no banco do parque, contemplando o mar. Intrigado, resolve ir ao seu encontro e perguntar o que ele procura ali, todas as manhãs. O velhinho, com um sorriso nos lábios, decide compartilhar com Fonchito uma história muito antiga. Assim, sempre antes de o ônibus da escola chegar, Fonchito ouve um novo capítulo das aventuras de um barco cheio de crianças que, desde a época das Cruzadas, singra os mares do mundo. Llosa foi inspirado pelo conto A cruzada das crianças, de Marcel Schwob (1867-1905).
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“Quando criança, fui um leitor voraz. Descobri de imediato que a literatura podia fazer uma pessoa viver grandes aventuras. Essas leituras me abriram o apetite e isso nunca parou, ainda vejo a leitura como o prazer dos prazeres”, disse em entrevista.