O Papa Francisco sempre demonstrou interesse pela literatura e poesia, considerando-as importantes tanto para a formação humana quanto para a espiritual. Agora suas reflexões sobre o tema estão reunidas em “Viva la poesia!”.

Lançado pela Editora Ares, o livro foi apresentado pelo cardeal Víctor Manuel Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, pelo padre, crítico literário e organizador da coletânea Antonio Spadaro e a poeta Maria Grazia Calandrone em cerimônia no salão do antigo Hospital Santo Spirito, em Roma, no mês de março.

A obra abrange escritos ao longo do seu pontificado como trechos de encíclicas, discursos, mensagens, entrevistas e cartas pessoais, incluindo a recente ‘Carta sobre o papel da literatura na educação‘, datada de 17 de julho de 2024, e ‘Carta aos poetas‘, publicada no volume “Versi a Dio. Antologia della poesia religiosa“.
“[…] ao lermos um texto literário, colocamo-nos na condição de «ver com os olhos dos outros», adquirindo uma amplitude de perspectiva que alarga a nossa humanidade. Isto ativa em nós o poder empático da imaginação, que é um veículo fundamental para essa capacidade de identificação com o ponto de vista, a condição, o sentimento dos outros, sem a qual não há solidariedade, partilha, compaixão, misericórdia. Ao ler, descobrimos que o que sentimos não é só nosso, é universal, e, por isso, até a pessoa mais abandonada não se sente só.” (Leia na íntegra a Carta sobre o papel da literatura na educação AQUI!)
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Apresenta, também, um manuscrito inédito que reforça a importância de recuperar o gosto pela literatura na vida cotidiana e na formação acadêmica e uma entrevista com um ex-aluno de Jorge Mario Bergoglio, nos tempos em que ele era professor na Argentina nos anos 1960. O depoimento retrata sua relação com a literatura, demostrando que seu apreço pelos livros já era evidente antes do sacerdócio. Além disso, é possível conhecer algumas de suas influências literárias: Virgílio, Dante Alighieri, Fiódor Dostoiévski, Jorge Luis Borges, entre outros.

No prefácio, o Pontífice ressalta a importância da poesia, exaltando a criatividade e a liberdade interior: “Gosto muito de poesia, é cheia de metáforas. Compreendê-las ajuda a tornar o pensamento ágil, intuitivo, flexível, perspicaz. Quem tem imaginação não se torna rígido, tem senso de humor, desfruta sempre da doçura da misericórdia e da liberdade interior”.
Ele destaca ainda que tanto a literatura quanto a poesia, além de serem relevantes na educação e formação dos sacerdotes e dos agentes pastorais, constituem-se em instrumentos mais adequados para promover o diálogo entre a fé cristã e a cultura contemporânea, assim como para auxiliar na compreensão e transmissão da mensagem cristã.