O pseudônimo é um artifício muito significativo na história de toda a arte, sendo utilizado por escritores, poetas, cineastas, musicistas, atores… e, até, por jogadores de futebol. Entretanto, a prática de criar outro nome para ser representado era indispensável em tempos antigos, quando um escritor (principalmente, mulher) utilizava o pseudônimo de modo a evitar resistência da sociedade. Durante 1770 e 1800, na Grã-Bretanha, 70% dos livros eram publicados no anonimato ou utilizavam um pseudônimo, dos quais 40% continuam com autoria desconhecida. Na África colonial, escritores e ativistas necessitavam ter sua identidade oculta para evitar censura e perseguição, como o sul-africano Dennis Brutus (John Bruin) e o moçambicano Marcelino dos Santos (Lilinho Micaia, Marcos Kalungano e K. Maala).
Na literatura, nomes como Machado de Assis, Stephen King, Olavo Bilac, Marie Ann Evans, Agatha Christie e, mais recentemente, JK Rowling, se destacam como autores que já escreveram sob outros nomes. Suas identidades, porém, foram reveladas. Durante a história, poucos artistas de renome conseguiram se esconder nos pseudônimos após o sucesso, e são esses que persistem ou persistiram em manter suas histórias em sigilo:
El Teneen (artista de rua)

Tem-se como confirmação, apenas, os 29 anos do grafiteiro(a) egípcio que ganhou notoriedade após a Revolução Egípcia de 2011. El Teneen (ou “O dragão”) criticou em seus grafites, principalmente, as forças armadas do Egito e outros temas políticos. Apesar de esse ser o motivo de tamanha popularidade, o artista afirma que seu trabalho não é unicamente político, pois a questão das mulheres e da religião continuará mesmo após a situação política de seu país for resolvida. Um destaque de seu trabalho é um grafites feito na Universidade do Cairo, que mostra um jogo de xadrez em que um rei derrotado é protegido pelos bispos, torres e rainhas contra um time inteiro de peões.
B. Traven (escritor)
Autor de doze romances, um livro de reportagem e de várias pequenas histórias, B. Traven supostamente nasceu em Brandemburgo, na Alemanha, no final do século XIX. Exilou-se no México durante o ano de 1924, onde escreveu grande parte de seus romances. Suas histórias combinam aventura sensacionais com uma crítica ao capitalismo, refletindo assim a simpatia do autor pelo socialismo e anarquismo, mais um motivo pelo qual preferia que sua identidade mantivesse desconhecida. Tem como obras mais conhecidas “O Navio da Morte” e “O Tesouro de Sierra Madre”, adaptado para o cinema em 1948 e estrelado por Humphrey Bogart.
Dolk (artista de rua)
Dolk é o pseudônimo do artista de grafites mais conhecido da Noruega, que realiza várias exibições desde 2006 em cidades como Melbourne, Oslo, Copenhagen, Bergen, Berlim, Prada, Lisboa e Estocolmo. Sua obra irônica, que utiliza de referências à cultura pop, foi, muitas vezes, confundida com a do artista Bansky (que será tratado mais à frente).
James Church (escritor(a))
Autor de cinco livros policiais que se passam na Coreia do Norte, Church é um ex-agente da CIA, com décadas de conhecimento sobre a Ásia, que preza pelo seu anonimato. Cresceu no Vale do São Francisco, nos Estados Unidos, e já estava com mais de 60 anos em 2009. A série policial que conta com seu protagonista “Inspetor O” é considerada por especialistas em política asiática como um retrato muito detalhado da Coreia do Norte.
Bansky (artista de rua)

Talvez o grafiteiro mais conhecido da atualidade, Bansky é também um ativista político e diretor de cinema britânico. Sua arte de rua é subversiva, carregada de humor negro, com seu grafites utilizando da técnica do estêncil. Grande parte de sua obra pode ser vista em muros de Bristol, cidade natal do artista. Em 2010, seu documentário “Saída Pela Loja” estreou no Festival de Sundance e foi indicado ao Oscar de melhor documentário.
Elena Ferrante (escritora)

Ferrante conseguiu sintetizar sucesso na sua escrita, tida como uma das melhores prosas do século, com um enorme número de vendas. Considera-se que nasceu em Nápoles em 1943, pois esse é o cenário de sua “tetralogia napolitana”. A tetralogia, que está à venda no Brasil, conta a história de amizade entre duas mulheres, Lila e Elena, e é um retrato cru e profundo da amizade feminina, como pouco se vê na literatura – o que explica seu sucesso. A autora concede entrevistas restritamente via e-mails, por intermédio de suas editoras italianas, e explica que optou pelo anonimato para que sua obra não seja influenciada por sua imagem pública.