Ambientado no sertão de Goiás, Oeste Outra Vez acompanha a história de Totó (Ângelo Antônio) e Durval (Babu Santana), cujas trajetórias se entrelaçam de forma trágica: ambos, apaixonados pela mesma mulher, despertam uma rivalidade intensa e destrutiva. Confrontados com a própria vulnerabilidade, os dois encaram um conflito brutal, que reflete disputas pessoais, o choque de tradições e a inevitável passagem do tempo.
Logo no início temos uma das cenas mais divertidas e impactantes do filme, o encontro entre os rivais Totó e Durval, que entram num embate pela única mulher vista em todo o filme. A rivalidade entre os personagens consegue criar uma conexão que acredito ser o mais próximo de um relacionamento desses homens.

O roteiro escrito por Erico Rassi abusa dos estereótipos machistas ao apresentar ao espectador ambientes onde não há um cuidado, como pias com louças abarrotadas, ausência de limpeza nos ambientes, e pilhas e mais pilhas de roupas sujas.
Além de sempre protagonizar a violência — único recurso dos homens para expor o que sentem — e nos envolvendo na retirada do clichê de faroeste criado pelo cinema americano, apresentando camadas que por mais cômicas que possam parecer, se tratam da dificuldade dos homens em expressar o que sentem. Isso fica escancarado na dificuldade que os personagens Antonio (Daniel Porpino) e Domingos (Adanilo) têm em conversar ao se depararem com uma situação onde é necessário expor o que se sente.
Em termos estéticos, Oeste Outra Vez utiliza as paisagens áridas do sertão brasileiro, com planos abertos que remetem aos filmes westen clássicos como, Três Homens em Conflito (1966) estrelado pelo brilhante Clint Eastwood, e dessa forma valorizando a atmosfera do gênero. A fotografia é outro destaque, criando um visual poético e melancólico como esses homens.

A atuação do elenco é simplesmente impecável, Babu Santana, Ângelo Antônio e Rodger Rogério nos entregam todas as nuances necessárias para compor esses cowboys sertanejos. Babu Santana nos entrega seus profundos silêncios que transbordam a solidão e angústia, enquanto Ângelo Antônio está imerso nos ideais do personagem, deixando rígida a ideia de posse.
Oeste Outra Vez brinca brilhantemente com a masculinidade e com o que é ser homem numa sociedade exclusivamente patriarcal, a associação entre masculinidade e violência é um tema complexo enraizado na sociedade. Historicamente, os homens são vinculados a características como força, agressividade e dominância. E Erico Rassi, diretor e roteirista, escancara todas essas questões de uma forma cômica ao público.