A Academia Brasileira de Letras (ABL) emitiu uma nota oficial nesta quinta-feira (3) em resposta à tentativa de censura ao livro *Capitães da Areia*, de Jorge Amado, por uma vereadora de Santa Catarina. A parlamentar, de posicionamento extremista, alegou que a obra, publicada em 1937, teria influência política comunista, justificando sua proposta de retirada do livro de circulação em escolas e bibliotecas.
Em sua nota, a ABL foi enfática ao condenar a iniciativa:
“A Academia Brasileira de Letras vem mais uma vez se posicionar contra a tentativa de censura a livros, como a que acontece agora em Santa Catarina. Escrito em 1937, o livro Capitães da Areia vem sendo admirado desde então. O Acadêmico Jorge Amado, um dos nossos maiores escritores, reconhecido internacionalmente, ser discriminado por suposta influência política comunista, a esta altura do século 21, chega a ser patético. Até porque Jorge Amado renegou o comunismo em 1956.”
A declaração da ABL, embora firme na defesa da liberdade de expressão e do legado de Amado, gerou debate ao sugerir que o escritor teria “renegado o comunismo”. Críticos apontam que a afirmação da ABL pode simplificar a trajetória ideológica do autor.

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Jorge Amado, conhecido por sua militância de esquerda e por obras que retratam as desigualdades sociais, como Gabriela, Cravo e Canela e*Tenda dos Milagres, manteve laços com figuras comunistas, como o escritor português José Saramago, até o final de sua vida.
Para alguns, as críticas de Amado a regimes socialistas não equivalem a uma rejeição total do comunismo, mas a uma postura mais independente e crítica e questões que envolvem especificamente a figura de Stalin na URSS.
Sobre o que fala Capitães da Areia?
Capitães da Areia é um romance de autoria do escritor brasileiro Jorge Amado, escrito em 1937. A obra retrata a vida de um grupo de menores abandonados, que crescem nas ruas da cidade de Salvador, Bahia, vivendo em um trapiche, num ambiente hostil, roubando para sobreviver, chamados de “Capitães da Areia“.
Ele é uma das obras mais emblemáticas de Jorge Amado e continua sendo leitura obrigatória em vestibulares e escolas pelo Brasil.
O que você acha dessa tentativa de censura e da resposta da ABL?