A Borrachalioteca foi criada em 2002, dentro de uma borracharia, localizada no bairro Caieira, em Sabará, em Minas Gerais. A ideia surgiu quando Túlio Damascena começou a trabalhar na borracharia do seu pai, Joaquim Damascena. O rapaz observou que os clientes costumavam ler jornais enquanto aguardavam o conserto do pneu. Apaixonado pela leitura, ele teve a ideia de disponibilizar uma estante com alguns livros literários.

Com o decorrer do tempo, foi em busca de apoio para concretizar seu objetivo. Recebeu a primeira doação de livros da Biblioteca Pública Municipal Joaquim Sepúlveda. Após, os clientes aderiram ao projeto e fizeram mais doações de exemplares. A ação inusitada ganhou destaque na imprensa e o local tornou-se uma biblioteca comunitária. Essa iniciativa não só criou um espaço de democratização do acesso à literatura, como também de valorização da cultura e do conhecimento.
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Ao longo dos anos, o projeto foi sendo gradativamente expandido. Em 2006, a Borrachalioteca formalizou-se, criando o Instituto Cultural Aníbal Machado. Foi contemplada com o melhor projeto de incentivo à leitura com o prêmio Viva Leitura em 2007, sendo referência na cidade. Com a necessidade de ampliação, mais um lugar de leitura foi disponibilizado em outro bairro em 2008.
Em 2011, tornou-se Ponto de Cultura com projetos aprovados em diversos setores. Em 2013, passou a fazer parte da Rede de Bibliotecas Comunitárias “Sou de Minas, Uai”, um coletivo de bibliotecas comunitárias que apoia projetos coletivos e atua em Belo Horizonte, Santa Luzia e Betim. Além disso, desde 2015, foi a primeira biblioteca comunitária a idealizar e realizar anualmente a Festa Literária de Sabará (FLIS).

Após 20 anos, a biblioteca mudou-se da borracharia para um prédio cedido pela administração municipal. Atualmente, ela funciona em dois espaços: a Borrachalioteca, no centro, e a Sala Son Salvador, no bairro Cabral, que conta também com a primeira Cordelteca, biblioteca especializada em literatura de cordel e cultura popular brasileira. O acervo possui mais de 10 mil títulos, abrangendo obras para crianças, jovens e adultos. Os locais estão abertos ao público para leitura e empréstimo gratuito de livros mediante cadastro. A biblioteca também promove ações de mediação de leitura, diversas oficinas, eventos e atividades culturais.

“Os moradores têm a biblioteca como parte de sua vida, sentem-se pertencentes ao espaço. Eles dão dicas de livros, se envolvem em todas as atividades e estão em constante diálogo para propor melhorias e sugestões. Ao longo do ano de 2024, emprestamos mais de 1.500 livros, realizamos mais de 60 atividades culturais e tivemos a participação de mais de quatro mil pessoas. São essas pessoas que fazem com que a biblioteca seja viva”, comentou Túlio.
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