“Cobras, lagartos e minhocas”: César Augusto encena sensível retrato da luta de um homem em busca de acolhimento

Os curiosos acontecimentos da vida de um homem de meia-idade, desde o final de sua infância até o término de seu casamento, são o ponto de partida de “Cobras, lagartos e minhocas”, espetáculo que estreia em 9 de abril de 2025 no Teatro III do Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro. Idealizado, escrito e encenado por pelo ator e dramaturgo Álvaro Menezes, o solo tem direção de Cesar Augusto e fará uma curta temporada até 21 de abril, com apresentações de quarta a sábado, às 19h; domingo, às 18h; e segunda, às 19h.

Saltando vertiginosamente do drama à comédia, da década de 1960 aos anos 2000 e vice-versa, “Cobras, lagartos e minhocas” é um sensível retrato da luta de um homem em busca de acolhimento e de sua autêntica identidade. 

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As cenas se apresentam como ritos de passagem entre a infância e juventude. Toda a tensão das primeiras experiências, dúvidas e inseguranças estão em cena, transformando o simples ato de viver em marcas do tempo. Se, por um lado, estão lá evidências de uma vida heterossexual, como as namoradas da juventude, a iniciação sexual, o casamento e os filhos, também habitam esse imaginário a expansão do desejo, abusos sexuais, bullyings e traumas comuns à infância e juventude que reverberam na vida adulta.

A dramaturgia nasceu durante as aulas que Álvaro teve com a atriz Camila Amado em 2018, a quem ele dedica o espetáculo. “Eram aulas com altas doses de filosofia, ilustradas por inigualáveis histórias de sua vida pessoal e artística”, lembra. “Me inspirei nas minhas memórias, distanciando o ator do autor, mantendo o frescor de uma história ficcional contada pela primeira vez. Toda vida, por mais aparentemente sem graça que possa ser, pode dar uma bela história. Aí, se faz teatro”, conta.

“Cobras, lagartos e minhocas’” coloca no centro da cena os contratempos divertidos e profundos de um performer e de um espectador, embaralhando suas memórias em uma profusão de lembranças. “O público é convidado a mergulhar nessa composição, na qual os relatos se entrelaçam e refletem as contradições e os conflitos de uma sociedade patriarcal. Questões estruturais, muitas vezes tidas como intransponíveis, são perscrutadas para que, quem sabe, possamos identificar suas armadilhas. O humor é a chave para adentrarmos nesse habitat de recordações e descobertas”, explica Cesar Augusto.

Sobre Álvaro Menezes

Ator e dramaturgo, iniciou seus estudos de teatro no O Tablado, nos anos 1980, participando de diversas peças. Entre o final dos anos 1990 e meados dos anos 2000, atuou em várias campanhas publicitárias para televisão, jornal e revista. De 2018 até hoje atuou em 11 peças, 12 curtas-metragens, além de ter participado em cinco novelas (quatro na Rede Globo e uma na Record) e três minisséries, que irão ao ar ainda em 2025. 

É autor das peças “Casal de namorados em tarde bucólica” (inédita), “Cão sem dono” (em produção), do livro de contos “Cachorro manco” e do roteiro de média-metragem “Embarcados”. Entre os anos de 2012 e 2017, foi roteirista e apresentador do programa “Arte Falada”, da rádio Roquette Pinto, com mais de 250 edições.

Sobre Cesar Augusto

Integra a Cia dos Atores desde a sua formação como ator, diretor e, eventualmente, como cenógrafo há 35 anos, e mantém há 15 anos, com seus parceiros, a Sede da Cia dos Atores, localizada na Lapa – Escadaria Selarón, onde atua como diretor artístico. Dirige o TEMPO_FESTIVAL há 10 anos. Foi diretor artístico da ocupação CÂMBIO, no Teatro Gláucio Gill e Teatro Café Pequeno, ambos indicados ao Prêmio APTR RJ de 2011 e 2012. Idealizador da residência HOBRA – Holanda/Brasil, esteve à frente, como curador da área de artes cênicas, do Instituto Galpão Gamboa, sendo indicado aos principais prêmios da cidade do Rio de Janeiro.

Em 2016, recebeu o prêmio APTR na categoria Especial, pela multiplicidade de ações artísticas. Atuou em espetáculos como “Melodrama”, “Ensaio.Hamlet”, “Insetos” e “Conselho de Classe” – sendo este indicado aos prêmios Shell e APTR e tendo circulado pelo país e em diversos festivais internacionais na América Latina, América do Norte e Europa.

Atualmente, participa do espetáculo “Julius Caesar – Vidas Paralelas”. Como diretor, esteve à frente de dezenas produções teatrais, como “Cerca Viva” e “LA CODISTA_BR”, entre 2022 e 2023; e “A Tropa”, que segue em circulação há sete anos. Durante a pandemia, dirigiu e atuou em diversos trabalhos que receberam indicações ao prêmio APTR, entre eles, “Entre Homens”, “Kabaré Online”, “FIGO” e “Processo Julius Caesar”. Entre 2022 e 2023, dirigiu dois espetáculos no Centro Cultural Oi Futuro: a obra teatral multimídia “BU!” e o infantil “Meus 2 Pais”. Em 2024, dirigiu a peça “Claustrofobia”, premiada na categoria melhor cenário (ao lado de Beli Araújo) no Prêmio Shell 2025. 

Ficha Técnica de “Cobras, lagartos e minhocas”

Texto: Álvaro Menezes

Direção: Cesar Augusto

Atuação: Álvaro Menezes

Iluminação: Adriana Ortiz

Cenografia: Beli Araújo

Figurino: Marcelo Olinto

Trilha Sonora: André Poyart

Assistência de Direção: Wesley May

Preparação Corporal: Milena Codeço

Design Gráfico e Mídias Sociais: Peu Fulgêncio

Fotos: Renato Mangolin

Assessoria de Imprensa: Paula Catunda e Catharina Rocha

Assistente de Produção: Virgínia Bravo

Direção de Produção: Ártemis

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