Com o imenso sucesso de Wicked, adaptação do fenômeno da Broadway inspirado em O Mágico de Oz, o universo dos filmes musicais está novamente no centro das atenções. O filme, estrelando Cynthia Erivo e Ariana Grande, cativou tanto os fãs do teatro quanto um novo público, trazendo à tela grande a magia, a música e os grandes temas que tornaram o gênero um clássico atemporal. Mas se Wicked despertou sua curiosidade, saiba que ele é apenas a porta de entrada para um mundo de histórias extraordinárias e trilhas sonoras inesquecíveis.
De clássicos da era de ouro, como A Noviça Rebelde, a musicais contemporâneos, como In the Heights, os musicais do cinema oferecem uma diversidade impressionante. Os melhores mantêm a essência dos palcos, mas aproveitam a liberdade criativa do cinema para expandir cenários, intensificar emoções e alcançar públicos globais. Nesta lista, reunimos 11 filmes que, assim como Wicked, têm suas raízes na Broadway e são perfeitos para quem deseja explorar o gênero ou redescobrir o que torna os musicais tão especiais.
O Fantasma da Ópera (2004)
Baseado no clássico musical de Andrew Lloyd Webber – o mais longevo musical da história da Broadway, com quase quarenta anos em cartaz -, a adaptação cinematográfica de O Fantasma da Ópera, dirigida por Joel Schumacher, traz para as telas a grandiosidade de uma das mais icônicas obras teatrais do século XX. Ambientado na majestosa Ópera de Paris do século XIX, o filme conta a história de Christine Daaé (Emmy Rossum), uma jovem soprano que se torna alvo da obsessão do misterioso Fantasma (Gerard Butler), um gênio musical desfigurado que vive sob o teatro. O longa equilibra o drama romântico e o suspense gótico com performances musicais arrebatadoras, transportando os espectadores para um mundo de paixão, arte e mistério.
Embora tenha dividido opiniões quanto à escolha do elenco e à abordagem mais estilizada, a adaptação é visualmente deslumbrante, com figurinos e cenários que recriam o esplendor da Paris do século XIX. A trilha sonora, que mantém as composições icônicas de Lloyd Webber, é o grande destaque, especialmente em números como “The Phantom of the Opera”, “The Point of No Return”, “The Music of the Night” e “All I Ask of You”. O Fantasma da Ópera (2004) é uma escolha perfeita tanto para fãs do musical original quanto para quem busca uma experiência cinematográfica intensa, marcada por emoções profundas e uma estética luxuosa, ou para introduzir novos fãs ao maior clássico da história da Broadway.
Os Miseráveis (2012)
A adaptação cinematográfica de Os Miseráveis, dirigida por Tom Hooper, é uma experiência cinematográfica poderosa e emocional, baseada no aclamado musical de Claude-Michel Schönberg e Alain Boublil. Com um elenco estrelado que inclui Hugh Jackman, Anne Hathaway, Russell Crowe, Helena Boham Carter, Amanda Seyfried, Sacha Baron-Cohen e Eddie Redmayne, além de grandes nomes da Broadway como Colm Wilkinson, Aaron Tveit e Samantha Barks, o filme narra a história épica de Jean Valjean (Jackman), um ex-presidiário em busca de redenção, enquanto é perseguido implacavelmente pelo imutável inspetor Javert (Crowe). Ambientado durante um período turbulento da história francesa, o filme explora temas como justiça, amor, sacrifício e a luta dos oprimidos por dignidade.
Diferente da maioria das produções musicais, Os Miseráveis foi filmado com as performances vocais gravadas ao vivo no set, um feito técnico que dá às interpretações uma intensidade crua e autêntica. Anne Hathaway, em especial, foi amplamente elogiada por sua atuação como Fantine, ganhando o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante pela performance visceral de “I Dreamed a Dream”. Premiado e elogiadíssimo pela crítica, o filme é uma obra marcante que captura a grandiosidade do musical, tornando-se indispensável para fãs da história de Victor Hugo e do teatro musical – além, é claro, de ser a perfeita apresentação a um dos maiores e mais icônicos musicais da história (leia mais sobre o musical aqui)
Chicago (2002)
Vencedor de seis Oscars, incluindo Melhor Filme, Chicago (2002), dirigido por Rob Marshall, é um dos musicais mais icônicos do cinema moderno. Baseado no famosíssimo musical da Broadway de mesmo nome, o filme traz Catherine Zeta-Jones, Renée Zellweger e Richard Gere em performances eletrizantes que misturam humor ácido, sensualidade e crítica social. Situado na Chicago dos anos 1920, o enredo gira em torno de Roxie Hart (Zellweger), uma aspirante a estrela que se envolve em um crime passional, e Velma Kelly (Zeta-Jones), uma performer experiente que se encontra na mesma prisão. Com a ajuda do advogado Billy Flynn (Gere), ambas tentam manipular a mídia e o sistema judicial para salvar suas reputações – e suas vidas.
Chicago é um espetáculo visual e sonoro, com números musicais que traduzem a energia do jazz e da era do vaudeville, como “All That Jazz”, “We Both Reached For The Gun” e “Cell Block Tango”. A direção estilizada de Rob Marshall, que transforma as performances em fantasias imaginadas pelos personagens, dá ao filme um dinamismo único que mantém o público hipnotizado do início ao fim. Com atuações afiadas e um roteiro inteligente, Chicago não é apenas uma adaptação fiel ao teatro, mas uma obra cinematográfica que eleva o gênero musical com sua mistura perfeita de glamour e ironia.
Mamma Mia! (2008)
“Mamma Mia!” (2008), dirigido por Phyllida Lloyd, é uma explosão de alegria e nostalgia, trazendo para as telas os sucessos atemporais da banda sueca ABBA. Situado em uma pitoresca ilha grega, o filme acompanha Sophie (Amanda Seyfried), uma jovem prestes a se casar que convida três homens que podem ser seu pai para sua cerimônia, sem o conhecimento de sua mãe Donna (Meryl Streep). Enquanto Sophie busca respostas sobre suas origens, Donna revive memórias de sua juventude, em meio a números musicais vibrantes que capturam tanto a leveza quanto a emoção de suas jornadas.
Com um elenco estelar que inclui também Pierce Brosnan, Colin Firth, Stellan Skarsgård e Julie Walters, Mamma Mia! combina performances divertidas com um cenário deslumbrante, que praticamente convida o público a fazer parte da festa. É um musical que celebra as complexidades do amor, da amizade e da família, enquanto entrega sucessos icônicos como “Dancing Queen” e “The Winner Takes It All”. A energia contagiante do filme e o charme de seu elenco o tornaram um fenômeno global, sendo uma escolha perfeita para quem busca uma experiência leve e revigorante, cheia de música e sol.
West Side Story (2021)
Dirigido pelo lendário Steven Spielberg, West Side Story (2021) é uma reimaginação moderna do clássico musical de 1957, com roteiro adaptado por Tony Kushner. Baseado na obra original de Leonard Bernstein e Stephen Sondheim, o filme mantém a essência trágica da história inspirada em Romeu e Julieta, mas oferece uma abordagem visual e narrativa que a torna relevante para os dias de hoje. Ambientado na Nova York dos anos 1950, o filme narra a rivalidade entre duas gangues – os Jets, formados por descendentes de imigrantes europeus, e os Sharks, compostos por porto-riquenhos – enquanto o amor proibido entre Tony (Ansel Elgort) e Maria (Rachel Zegler) cresce em meio ao caos.
Spielberg entrega uma experiência cinematográfica deslumbrante, com uma estética impecável que combina a grandiosidade clássica do cinema com a sensibilidade contemporânea. O elenco inclui performances brilhantes, com destaque para Ariana DeBose como Anita, que lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. As coreografias dinâmicas e as canções inesquecíveis, como “Tonight”, “Maria”, “I Feel Pretty”, “Somewhere” e “America”, ganham nova vida nesta versão, que é uma celebração do legado do musical original enquanto aborda questões de identidade, preconceito e pertencimento. West Side Story (2021) é uma obra-prima emocionante que reafirma o poder do cinema musical em unir gerações.
A Noviça Rebelde (1965)
Poucos filmes musicais têm o impacto cultural e emocional de A Noviça Rebelde (The Sound of Music), de 1965, dirigido por Robert Wise. Baseado no musical da Broadway de Rodgers e Hammerstein, o filme é inspirado na história real da família von Trapp e se passa na Áustria às vésperas da Segunda Guerra Mundial. Julie Andrews interpreta Maria, uma aspirante a freira cuja vida muda ao se tornar governanta dos sete filhos do Capitão von Trapp (Christopher Plummer). À medida que Maria conquista o coração das crianças e, eventualmente, do Capitão, a família se une através da música para enfrentar as ameaças do regime nazista.
Com paisagens deslumbrantes dos Alpes austríacos, uma trilha sonora icônica que inclui “Do-Re-Mi”, “Sixteen Going on Seventeen”, “My Favorite Things” e “Edelweiss”, A Noviça Rebelde combina entretenimento e emoção de maneira atemporal. O filme é tanto um conto de amor e renovação quanto uma poderosa narrativa sobre coragem e resistência em tempos de adversidade. Sucesso absoluto desde seu lançamento, ele se tornou um clássico intergeracional, capaz de tocar os corações de todos que o assistem, seja pela música, pela mensagem ou pelo carisma inesquecível de Julie Andrews.
In the Heights (2021)
Dirigido por Jon M. Chu – mesmo diretor de Wicked – e baseado no musical de Lin-Manuel Miranda, compositor do fenomenal Hamilton, e Quiara Alegría Hudes, In the Heights (2021) é uma celebração vibrante da comunidade, da cultura latina e dos sonhos que nos impulsionam. Ambientado em Washington Heights, um bairro predominantemente latino de Nova York, o filme acompanha Usnavi (Anthony Ramos), dono de uma pequena bodega que sonha em voltar para a República Dominicana, enquanto lida com as complexidades de sua vida, seus relacionamentos e sua comunidade. Com histórias entrelaçadas, o filme explora o significado de lar, identidade e as lutas cotidianas em busca de um futuro melhor.
Com números musicais de tirar o fôlego, coreografias dinâmicas e uma trilha sonora que mistura hip-hop, salsa e pop latino, In the Heights é uma experiência cinematográfica imersiva e emocionante. As performances autênticas do elenco – quase que inteiramente composto por grandes nomes da Broadway – e a direção visualmente deslumbrante de Chu dão vida ao bairro, tornando-o quase um personagem por si só. O filme não apenas celebra a cultura latina, mas também destaca temas universais de pertencimento e esperança, tornando-se uma obra que ressoa com qualquer pessoa que já sonhou grande enquanto enfrentava desafios. In the Heights é uma escolha imperdível para quem busca música, emoção e uma mensagem de empoderamento.
Mary Poppins (1964)
Mary Poppins (1964), dirigido por Robert Stevenson e estrelado por Julie Andrews em sua estreia no cinema, é um dos filmes mais icônicos da história dos musicais. Baseado na série de livros de P. L. Travers, o filme conta a história de uma babá mágica que desce dos céus para transformar a vida da família Banks em Londres. Com a ajuda de Bert (Dick Van Dyke), um carismático limpador de chaminés, Mary Poppins leva as crianças Jane e Michael em aventuras encantadoras, misturando fantasia, música e uma mensagem profundamente comovente sobre amor e união familiar.
Repleto de canções inesquecíveis como “Supercalifragilisticexpialidocious”, “A Spoonful of Sugar”, “Feed the Birds” e “Chim Chim Cher-ee”, o filme equilibra diversão e emoção com maestria. A performance de Julie Andrews lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz, e a produção conquistou outros quatro prêmios da Academia. Com uma combinação perfeita de animação e live-action, Mary Poppins é uma experiência mágica que transcende gerações, encantando crianças e adultos com seu charme atemporal, sua imaginação ilimitada e sua mensagem calorosa de que um pouco de mágica pode transformar até os dias mais difíceis.
Mary Poppins Returns (2018)
Lançado mais de 50 anos após o clássico original, Mary Poppins Returns (2018), dirigido por Rob Marshall, é uma homenagem amorosa e nostálgica ao filme de 1964, com um toque moderno. Emily Blunt assume o papel icônico da babá mágica com graça e carisma, trazendo uma nova camada à personagem enquanto honra a inesquecível interpretação de Julie Andrews. Situado décadas após os eventos do primeiro filme, Mary Poppins Returns acompanha Michael e Jane Banks já adultos, enfrentando dificuldades em meio à Grande Depressão. Quando Mary Poppins retorna, ela mais uma vez transforma suas vidas e as de seus filhos com aventuras mágicas e lições valiosas sobre esperança e resiliência.
Com uma trilha sonora original que captura a essência do primeiro filme, incluindo canções como “The Place Where Lost Things Go”, indicada ao Oscar, e “Trip a Little Light Fantastic”, uma performance musical brilhante que é também uma carta de amor as coreografias da Broadway em sua era de ouro, o longa é visualmente deslumbrante e repleto de números musicais encantadores. Além disso, o elenco de apoio – com destaque para Lin-Manuel Miranda como o adorável acendedor de lampiões Jack – traz energia e leveza à narrativa. Mary Poppins Returns é um tributo vibrante ao legado do original, oferecendo uma experiência mágica que encanta tanto os nostálgicos quanto uma nova geração de espectadores.
Jesus Christ Superstar (1973)
Dirigido por Norman Jewison e baseado no revolucionário musical de Andrew Lloyd Webber e Tim Rice, Jesus Christ Superstar (1973) é um marco tanto no cinema quanto no teatro musical. Apresentando a última semana de vida de Jesus Cristo, o filme combina uma narrativa bíblica com uma trilha sonora de rock que marcou época. Ted Neeley estrela como Jesus, enquanto Carl Anderson rouba a cena como Judas Iscariotes, cujas dúvidas e conflitos morais formam o coração emocional da história. Com uma abordagem moderna e ousada para os anos 1970, o filme desafia convenções ao reinterpretar temas religiosos por meio da música e da performance.
Filmado em locações no Oriente Médio, Jesus Christ Superstar mistura visuais áridos e imponentes com coreografias expressivas, criando uma atmosfera que é tanto histórica quanto contemporânea. Canções como “Gethsemane”, “Heaven on Their Minds” e “Superstar” se tornaram icônicas, ajudando a consolidar o musical como uma obra-prima cultural. A produção é um reflexo do espírito experimental da época, reinterpretando uma história milenar com energia crua e visceral. Jesus Christ Superstar permanece um clássico que desafia rótulos, evocando tanto reflexão espiritual quanto celebração artística, e continua a ressoar com novas gerações de espectadores, sendo, até hoje, polêmico e controverso, mas também gigantesco.
Evita (1996)
Dirigido por Alan Parker, Evita (1996) é uma adaptação cinematográfica do célebre musical de Andrew Lloyd Webber e Tim Rice, estrelada por Madonna no papel icônico de Eva Perón, Antonio Banderas como o narrador Che, e Jonathan Pryce como Juan Perón. O filme narra a ascensão meteórica de Eva Duarte, de suas origens humildes como aspirante a atriz na Argentina até se tornar a influente e controversa Primeira-Dama do país. Com uma abordagem grandiosa e visualmente arrebatadora, Evita combina história e música para explorar o impacto cultural e político de uma das figuras mais polarizadoras do século XX.
Madonna entrega uma performance poderosa e emocional, especialmente em números como “Don’t Cry for Me Argentina”, que se tornou um marco na cultura pop. A produção é repleta de cenários exuberantes e figurinos deslumbrantes, que recriam com precisão a atmosfera da Argentina das décadas de 1930 e 1940. Combinando espetáculo e intimidade, Evita é uma experiência cinematográfica marcante, que traz à vida uma história de ambição, carisma e legado. É um filme obrigatório tanto para fãs de musicais quanto para quem busca uma narrativa envolvente sobre poder e paixão.