Conheça as obras de Heba Zagout, artista palestina morta nos bombardeios de Israel

Heba Zagout, de 39 anos, nasceu no campo de refugiados de Al Burejj, na Faixa de Gaza. Seus avós acabaram sendo expulsos da região de Isdud, hoje cidade de Ashdod, por paramilitares israelenses em 1948. Com isso, eles foram forçados a se instalarem no local.

Ela estudou design gráfico no Centro de Aprendizagem de Gaza e, logo após, cursou Artes Plásticas na Universidade Al-Aqsa, graduando-se em 2007. Foi professora de educação artística em uma escola primária de Gaza e atuou como educadora na Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina.

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Desde muito cedo, encontrou na arte uma forma de expressão. Suas pinturas investiam em cores vibrantes, ricas em detalhes, e retratavam, em especial, as paisagens, os costumes e o povo da Palestina, cenas do cotidiano em Gaza e as tradições e símbolos da cultura de seu povo. Suas obras significavam bem mais que uma mera reprodução, eram um registro visual e documental da história como um modo de enfrentar o apagamento da cultura e manter viva a memória por meio da arte.

Pinturas que registravam os diversos lugares, as mesquitas e igrejas, a natureza e os autorretratos faziam parte do acervo da artista. A arte desempenhava um refúgio da realidade de opressão e resistência em meio a tantas violências e tragédias acumuladas ao longo da história. Além disso, ela costumava vender os quadros para ajudar no sustento dos filhos.

Ao explicar a simbologia de um desses autorretratos no Instagram, espaço que costumava divulgar seus trabalhos, a artista destacou: “Nasci carregando comigo a palavra refugiado. Nunca vi minha cidade natal, mas minha tia, Alia, nos contava sobre as terras do meu avô, os laranjais, a época de colheita e uma casa cheia de amor e vida. Eu via a saudade nos olhos da minha tia enquanto ela nos contava essas histórias daqueles tempos passados. E via o desejo de poder retornar um dia”.

No dia 13 de outubro, um ataque aéreo israelense sobre as áreas residenciais de Gaza vitimou Heba e seus dois filhos pequenos, Adam e Mahmoud.

“Eles não apenas bombardearam sua casa e seus filhos, mas apagaram os vestígios de sua criatividade”, disse a jornalista palestiniana-americana Laura Albast, que conhecia o trabalho da artista.

“Heba era um talento único em um milhão. Ela resumiu tudo o que significava ser palestino e derramou seu coração e alma em sua arte”, disse o representante do grupo alemão de direitos humanos Whitman-Abdelkarim ao MEE.

Os seguidores lamentaram a perda e disseram que a arte de Heba não era apenas brilhante, ousada, calorosa e efervescente, mas representava a própria preservação da história e experiência palestiniana.

Confira algumas obras:

Uma pintura em tela da Cidade Velha de Jerusalém e da Cúpula da Rocha 
Árvores e edifícios históricos ocupam outra pintura de Jerusalém e a icônica Cúpula da Rocha

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