Comissão da Memória e da Verdade da UFRJ lança série que retrata os impactos da ditadura nos grupos invisibilizados

Produzido pela Comissão da Memória e da Verdade da UFRJ, o projeto Incontáveis consiste numa série audiovisual que trata de temas relacionados à ditadura militar brasileira que foram pouco discutidos pela sociedade. Resgatando muitas memórias silenciadas, a série é dividida em 6 episódios e cada um é narrado por pessoas que vivenciaram esse período.

Com vídeos curtos, de 10 a 15 minutos, tem como objetivo ampliar o debate, detalhar assuntos menos abordados e refletir sobre os impactos da ditadura nos grupos invisibilizados com a violência contra as mulheres, a população LGBTQIA+, a população negra e moradora de favelas, os povos indígenas, os educadores e os trabalhadores do campo e da cidade.

“A ideia do projeto surge quando a gente percebe o crescimento dessas narrativas de legitimação do golpe, da ditadura, da tortura. Diante desse cenário em que as pessoas perderam a vergonha em louvar a ditadura, a gente entende a importância de olhar para além da academia e construir uma iniciativa que dialogue com um público mais amplo, que tente aliar essa produção historiográfica de ponta com uma linguagem mais acessível para disputar terreno com o negacionismo”, relatou Lucas Pedretti, historiador e pesquisador da CMV da UFRJ, em entrevista.

O primeiro episódio tem como foco central a Educação e a Ciência. Quem narra é Dulce Pandolfi, historiadora, professora e ativista por direitos humanos. Na época, ela foi presa e serviu de cobaia para uma aula de tortura.

O projeto surgiu como uma necessidade de responder aos que apoiam a violência do Estado e minimizam os impactos do período, denominando-o de “ditabranda”, ou aqueles que se referem ao golpe de 1964 como “revolução”:

“Parte dessa legitimação da ditadura passa pela falsa ideia de que a ditadura teria sido branda, a chamada ‘ditabranda’. Esse é um discurso negacionista. A nossa ideia é desconstruir isso e a aposta é que precisamos falar sobre como o conjunto da sociedade foi afetado, para além dos mortos e desaparecidos oficialmente reconhecidos. A gente pretende debater temas que são menos discutidos”, explicou o historiador.

O segundo episódio trata dos Trabalhadores na ditadura, narrado por Jardel Leal, trabalhador metalúrgico durante o período de 1970 a 1980.

Os episódios vão ao ar às terças-feiras, às 14h, no YouTube do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ:

07/12 – Racismo e moradores de favelas – Narração: Dom Filó, produtor e apresentador.
14/12 – População LGBTQIA+ – Narração: Hércules Quintanilha, ativista, cientista social e intérprete.
11/01 – Mulheres – Narração: Lúcia Murat, cineasta
25/01 – Povos indígenas – Douglas Krenak, líder indígena

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