Anna Beatriz Rebouças Bezerra Veríssimo, de 21 anos, residente na cidade de Baraúna, foi uma das 12 estudantes em todo o Brasil e a única do Rio Grande do Norte a alcançar a nota 1000 na prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024.
Com o objetivo de cursar medicina, a jovem prestou o exame durante 7 anos, participando como treineira desde 2018. Concluiu os estudos em escolas da região em 2020 e fez cursinho após conseguir uma bolsa. Todo o esforço e dedicação foi comemorado com a aprovação em primeiro lugar na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) por meio do Sistema de Seleção Unificada (SiSU).
Leia também: As 14 melhores frases de Torto Arado, de Itamar Vieira Junior
Na prova de redação, com o tema “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”, ela privilegiou um repertório original, desenvolvendo um texto bem argumentado, dialogando com o livro Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior.
“Eu citei os elementos da cultura afrodescendente, as religiões de matriz africana, tudo isso que é abordado e que não é valorizado no Brasil. Quando eu vi aquele tema senti realmente que deveria articular esse livro”, destacou em entrevista.
Além do livro, ela citou também Luiz Gama, Sílvio Almeida e Machado de Assis.
Na introdução, a estudante situa o local da obra e descreve alguns aspectos relevantes:
“Na obra literária “Torto Arado”, Itamar Vieira retrata uma comunidade quilombola na Fazenda Água Negra, na Bahia, relatando aspectos socioculturais relevantes para essa população afrodescendente, como os rituais religiosos e os saberes tradicionais passados pelas gerações. Fora da ficção, é nítido que a sociedade brasileira não valoriza a herança africana presente desde a histórica formação nacional. Essa problemática de invisibilidade decorre da mentalidade colonial eurocêntrica, bem como da lacuna educacional no tocante ao resgate da cultura afro-brasileira.”
Na conclusão, expõe diversas ações que podem contribuir para a valorização da herança africana no país:
“Portanto, é preciso reconhecer e valorizar a herança africana no Brasil. Para isso, o Governo Federal, em parceira com as secretarias estaduais de educação, deve ampliar as campanhas de valorização da cultura africana, sob um viés afrocentrado por meio de votação entre deputados e senadores – responsáveis pela aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA) – com a finalidade de combater a visão eurocêntrica presente na sociedade, promovendo o aprendizado da história sob a ótica dos afrodescendentes. Ainda, cabe ao Ministério da Educação, como responsável pela elaboração de políticas públicas de educação, fomentar palestras socioeducativas, ministradas por pedagogos negros, nas instituições escolares, a fim de disseminar o conhecimento acerca do inestimável legado africano na história e na cultura do país. Nessa perspectiva, o panorama diverso destacado em “Torto Arado” será devidamente valorizado pela sociedade brasileira.”
Leia a redação completa AQUI!
