No centenário de morte de João do Rio, pouca gente tem lembrado de um dos maiores escritores, contistas e cronistas do Brasil. Uma espécie de Baudelaire nacional, João do Rio fotografou com palavras a cidade do Rio de Janeiro, o crescimento das cidades grandes e escreveu como ninguém sobre esse sujeito da cidade que surgia. Um sujeito que se perde na multidão, que precisa subir profissionalmente, que tem uma vida noturna, pelos becos, bares e vielas.
Conhecer João do Rio é conhecer não só a história do Brasil, mas conhecer a alma do Brasil, a alma da rua, da cidade.
O NotaTerapia indica 5 obras do autor que você precisa conhecer!
A alma encantadora das ruas
As transformações advindas do progresso apresentam um novo cenário urbano de uma cidade com novas relações sociais, compondo um rico painel dos tempos modernos. As crônicas que compõem A alma encantadora das ruas (1908), o segundo livro de João do Rio, ― por meio de um apurado olhar jornalístico que se entrelaça a um esmerado texto literário ― retratam um Rio de Janeiro um tanto distinto daquele da belle époque que teve por muito tempo Paris como um referencial de comportamento. Os textos coligidos aqui ambientam uma cidade que não respira somente os ares dos cafés-concertos, mas absorve e exprime uma efervescente vitalidade que apenas as ruas, a população carioca, especialmente a mais humilde, poderiam apresentar. A descrição delicada, honesta e, até mesmo ambígua das ruas, manifesta o espírito da cidade em seus mais íntimos aspectos.
Dentro da noite
João do Rio explorou, como poucos, as bizarras obsessões e manias presentes nos seus contemporâneos. Encontramos neste livro personagens viciadas no jogo ou na sedução, sádicos, masoquistas e orgíacos. Somos verdadeiramente surpreendidos e até mesmo chocados com o desfecho de algumas histórias, como são exemplos os contos “Bebé de tarlatana rosa” e a “História de gente alegre”, ao passo que noutras não podemos deixar de rir ou sorrir dos infortúnios e das manias caricaturadas.
Em suma, um livro carregado de sensualidade, humor e horror, imprescindível para quem gosta de literatura mais noturna.
As religiões no Rio
Publicado inicialmente como reportagem, As religiões no Rio desenvolve um divertido levantamento dos mistérios das crenças no Rio de Janeiro do século XX: o protestantismo, o satanismo, os judeus, os espiritas, os católicos e muito mais. João do Rio, um dos precursores da crônica no Brasil, responsável por elevá-la a categoria de gênero literário, reúne neste livro uma série de entrevistas com personagens de diversas religiões, oferecendo uma obra de caráter histórico e etnográfico, pioneira, singular e atemporal.
O Momento Literário: Entrevistas com os principais autores brasileiros do século XX
“O Momento Literário” é um documento importantíssimo que retrata o cenário literário do Brasil no início do século XX.
O jornalista João do Rio entrevistou inúmeros escritores, como Olavo Bilac, Osório Duque Estrada e outros, para entender o que inspirava sua escrita, quais obras próprias eles preferiam e o impacto do jornalismo sobre a literatura brasileira. Essas entrevistas dão ao leitor a oportunidade de conhecer o cotidiano de escritores brasileiros que são lidos e adorados até os dias atuais.
O resultado é um quadro interessante da literatura nacional, descrito a partir da opinião dos próprios escritores da época.
A Bela Madame Vargas
A Bela Madame Vargas é uma peça em três atos escrita por João do Rio, em 1912. Nela, o autor tematiza os aspectos da vida social no Rio de Janeiro no início do século XX, caracterizando as influências francesas no Brasil.