Mia Couto é um dos nomes da literatura moçambicana da atualidade. Tem diversos livros publicados em diferentes países. Recebeu vários prêmios nacionais e internacionais como o Prêmio Vergílio Ferreira (1999) e o Prêmio Camões (2013).
Entre mistérios e ilusões, a narrativa Venenos de Deus, Remédios do Diabo é construída. Uma estranha epidemia (supostamente de meningite) faz com que o médico português Sidónio Rosa vá para a vila Cacimba, em Moçambique, mas sua intenção é encontrar Deolinda, uma africana por quem se apaixonou em Lisboa. Na região, mantém aproximação com os pais da moça Bartolomeu Sozinho e Dona Munda.
Confira as frases selecionadas:
Quem tem medo da infelicidade nunca chega a ser feliz.
Diz-se que o silêncio inspira medo porque, nesse vazio, ninguém é dono de nada.
“Aos 10 anos todos nos dizem que somos espertos, mas que nos faltam ideias próprias. Aos 20 anos dizem que somos muito espertos, mas que não venhamos com ideias. Aos 30 anos pensamos que ninguém mais tem ideias. Aos 40 achamos que as ideias dos outros são todas nossas. Aos 50 pensamos com suficiente sabedoria para já não ter ideias. Aos 60 ainda temos ideias mas esquecemos do que estávamos a pensar. Aos 70 só pensar já nos faz dormir. Aos 80 só pensamos quando dormimos”
Somos donos do Tempo apenas quando o Tempo se esquece de nós.
O suficiente é para quem não ama. No amor, só existem infinitos.
Rir junto é melhor que falar a mesma língua. Ou talvez o riso seja uma língua anterior que fomos perdendo à medida que o mundo foi deixando de ser nosso.
Sonhar é um modo de mentir à vida, uma vingança contra um destino que é sempre tardio e pouco.
As pessoas demoram a mudar. Quase sempre demoram mais tempo que a própria vida…
Há saberes que estão para além do entendimento. O Homem entende a Vida. Mas só os bichos entendem a Morte.
É isto: a gente nasce sem pedir e morre sem ter licença.