A traição e a violência são facas de dois gumes: ferem mais aqueles que as manejam do que seus inimigos.
(Emily Brontë)
Leia AQUI as melhores frases de O Morro dos Ventos Uivantes
O Morro dos Ventos Uivantes é, provavelmente, um dos maiores clássicos de todos os tempos. Mesmo que Emily Brontë só tenha escrito este único livro na vida, a história de Catherine e Heathcliff se eternizou e atravessa gerações.
O Morro dos Ventos Uivantes, de Emily Brontë, conta a história de Heathcliff, irmão adotivo de Catherine Earnshaw, que resolve, após a morte de seu patrão, tomar conta da casa em que foi acolhido, e se vingar de tudo que sofreu durante sua vida. Heathcliff, humilhado, rejeitado e maltratado, resolve, aos poucos, tomar posse dos bens daqueles que o cercam e, posteriormente, mantém suas vidas sob seu controle. No entanto, a simbiótica relação com Catherine transforma essa relação de vingança em um caminho de obsessão que levam vidas e seres aos seus limites. Nesse morro em que um vento uiva, duas casas e muitas vidas estão em jogo e todas elas parecem estar no limite do que se poderia chamar humano: entre a dor e a morte. O Morro dos Ventos Uivantes é um campo magnético, de força. É uma história de amor. Mas não só.
Leia AQUI nossa resenha completa do livro!
Dentre as inúmeras passagens maravilhosas do livro, há uma cena, no capítulo 8, que serviu de inspiração para esta nova receita do nosso Menu Literário. Fazendo a pesquisa pra criar a receita e o post, me deparei com uma situação curiosa: o que era, de fato, o doce de maçã que Heathcliff arremessa contra o rosto de Edgar? Era uma compota? Um purê? Uma calda? Curiosamente, a edição brasileira dizia uma coisa e a portuguesa, outra. Fui buscar o original em inglês para tirar a dúvida. Para o meu desencanto, o original não dizia nem “calda”, como a edição portuguesa, nem “purê”, como na edição brasileira; dizia “hot apple sauce”, ou seja, um molho.
Master Linton fizera este comentário sem qualquer intenção insultuosa, mas o feitio violento de Heathcliff não estava preparado para ouvir gracejos vindos de alguém que ele já odiava como seu inimigo mortal. Pegou na primeira coisa que viu (uma concha de calda de maçã a ferver) e atirou-a à cara do outro, que logo desatou num berreiro, atraindo a atenção de Isabella e de Catherine, que acorreram à cozinha para saberem o que se passava.
O Morro dos Vendavais (Publicações Dom Quixote) – edição portuguesa
O comentário não tinha a intenção de insultar, mas a natureza violenta de Heathcliff não estava preparada para tolerar a mais leve impertinência por parte de alguém que parecia odiar, mesmo então, como um rival. Pegou uma terrina cheia de purê de maçã quente (a primeira coisa que encontrou) e atirou contra o rosto e o pescoço de Edgar – que imediatamente se pôs a gritar, fazendo com que Isabella e Catherine viessem correndo.
O Morro dos Ventos Uivantes (Zahar Editora) – edição brasileira
He ventured this remark without any intention to insult; but Heathcliff’s violent nature was not prepared to endure the appearance of impertinence from one whom he seemed to hate, even then, as a rival. He seized a tureen of hot apple sauce (the first thing that came under his gripe) and dashed it full against the speaker’s face and neck; who instantly commenced a lament that brought Isabella and Catherine hurrying to the place.
Wuthering Heights (arquivo disponível em domínio público) – edição em inglês
Claro que “calda” e “molho” neste sentido, dão a entender que possivelmente se tratava de um doce com líquido – mas era um líquido fino, ou grosso, quase como… um purê? Diante do impasse, optei por chamar essa receita simplesmente de “doce de maçã”. Afinal, tanto calda quanto purê e molho de maçã são, todos, doces. Sendo, portanto, um doce livremente inspirado no alimento que Heathcliff atira em Edgar, na minha versão ele ficou com pedacinhos de maçã, porque, no meu paladar, essa textura é mais interessante do que um purê. Vamos à receita!
INGREDIENTES:
- 3 maçãs pequenas descascadas e cortadas em cubos de aproximadamente 3cm
- 1/4 de xícara de água
- 1 1/2 colher de sopa de açúcar mascavo
- Suco de 1/2 limão
- 1 pau de canela
- 1 cravo
- Noz moscada (opcional, a gosto)
MODO DE PREPARO:
1- Corte as maçãs, retirando as sementes, em cubos. Reserve-as em um recipiente e jogue sobre elas o suco de limão. Ele ajuda as maçãs a não escurecerem e dá um tom ácido maravilhoso para a receita.
2- Em uma panela, coloque a maçã cortada com o caldo de limão, o pau de canela, o cravo, a noz moscada e o açúcar.
3- Ligue em fogo médio e comece a mexer. Logo o açúcar irá se dissolver. Adicione metade da água. Você pode tampar a panela e ir mexendo aos poucos. Quando a água evaporar, adicione o restante da água e continue mexendo de vez em quando, até notar que as maçãs estão macias e se desfazendo. Com a espátula, vá amassando levemente as maçãs, para que elas fiquem cremosas mas de modo a ainda deixar pedaços inteiros, para dar textura.
4- Após mais ou menos 25 minutos, as maçãs estarão cozidas e seu doce estará pronto. Transfira para um pote (preferencialmente de fechamento hermético), espere esfriar e guarde na geladeira.
O doce de maçã pode ser comido quente ou frio. Essa quantidade de maçãs rende pouco mais de meia xícara de doce. Ele é muito versátil: pode ser comido quente com um sorvete de creme, pode ser misturado frio com iogurte e/ou aveia, pode ser comido em torradas e pães, quente ou frio, e pode, inclusive, servir de recheio para tortas e pasteis. Imagine só colocar esse doce como recheio de uma massa folhada? É uma versão mais gostosa e caseira da tortinha do Mc Donald’s! Se quiser inovar com um prato salgado mais sofisticado, dá pra combinar esse doce até mesmo com carne de porco, que vai super bem com maçã. Em menos de 30 minutos, você vai ter à disposição um doce delicioso com o qual você pode criar inúmeros pratos!