Uma das coisas mais incríveis dos curta-metragens é a capacidade de transmitir uma mensagem ou história enorme em um espaço de tempo pequeno. Cada vez mais este tipo de produção cinematográfica tem chamado a atenção do público, ocupando espaços em festivais de cinema e na internet. No Brasil, após a indicação de “O menino e o mundo” ao Oscar, parecem estar surgindo mais cineastas com materiais incríveis que podem vir a disputar lado a lado das grandes animações mundiais.
É o caso de Pulso, da cineasta carioca Helena Cunha. O curta, que foi indicado ao festival italiano Online International Film Festival, foi resultado de uma disciplina na universidade e ultrapassou os muros universitários para habitar o mundo. Pulso, que foi feito em stop-motion, aborda a temática da intolerância.
A criadora do curta foi entrevistada pela Revista da Cultura, da Livraria Cultura, e contou que a personagem principal só foi tomando corpo conforme foi sendo criada. Ao NotaTerapia, Helena disse que passou noites inteiras desenhando para, depois, com a ajuda de sua equipe formada por Anna Clara Dornelas, Francisco Diniz e Catarina Almeida, recortar, montar e fotografar as cenas.
Nós captamos as imagens em sete sessões, num período de três semanas, e eu tive muita ajuda do meu grupo, eles foram ótimos, realmente se esforçaram pra gente conseguir alguma coisa legal. No final de cada dia a gente passava as fotos na câmera e ficava meio eufórico vendo as cenas tomarem forma. Teve dia que a gente passou oito horas captando e quando foi ver tinha seis segundos de filme mas era muito legal.
A personagem principal de Pulso vai transitando por uma série de situações em que a vida e o mundo se mostram violentos, cruéis e intolerantes. Com seu coração pulsante, ela parece não entender a razão de tamanho ódio, mas vai se sentindo soterrada por este constante bombardeamento de coisas ruins.
Sem dar muitos spoilers, a personagem questiona todo o mundo e, ao fim, busca encontrar algum tipo de esperança para continuar caminhando.
Helena contou que a realização deste trabalho foi o que despertou nela o interesse em seguir carreira na área de animação.
Acabou que com esse curta eu descobri meu interesse em animação e resolvi investir e melhorar nessa área. Claro que, olhando hoje, com o que eu aprendi desde então, eu faria varias coisas diferente e corrigiria vários detalhes, mas eu sei que todos nós fizemos o melhor que podíamos e tenho bastante orgulho desse trabalho.
O que Pulso tem que mais incrível é a capacidade de transformar em narrativa os sentimentos, as sensações e os temores comuns a muitos de nós imersos neste mundo de intolerância. Talvez também pelo fato de o curta ser, como o próprio nome já diz, curto, Pulso consegue captar o que há de singelo, de possível, de belo em meio a tanto horror. Rápidos vislumbres de bons encontros, corações que (ainda) pulsam. Pequenos afetos, pequenos encontros e pequenas histórias que aliviam o peso desta coisa enorme que é a vida.
Agora disponível online, você pode assistir ao filme completo aqui no NotaTerapia: