A atmosfera ultraconservadora está se espalhando pelo mundo e um de seus principais alvos são os livros. O relatório da PEN America acendeu o alerta sobre a crescente onda de censura literária nas escolas dos Estados Unidos. Mais de 6.800 títulos foram vetados em 87 distritos escolares durante o ciclo acadêmico de 2024-2025, um número que, segundo a entidade, reflete uma tendência coordenada e sistemática de restrição à liberdade de expressão e ao acesso à literatura.

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O jornalista Jamil Chade em sua coluna no UOL adverte que “os banimentos mostram um padrão claro contra autores negros, mulheres e membros da comunidade LGBTQIAPN+. Os livros que educam sobre racismo, gênero e história são, na maioria das vezes, alvo de censura.”

Clássicos da literatura latina-americana também estão no radar dos censores, como Cem anos de solidão (1967) e O amor nos tempos do cólera (1985), de Gabriel García Márquez; A casa dos espíritos (1982), de Isabel Allende; Ambas as obras retratam a complexidade dos regimes autoritários na América Latina no século passado. Já em A casa dos espíritos, a autora não se exime e fala explicitamente sobre o envolvimento direto dos Estados Unidos na ditadura chilena.

A PEN alerta que o avanço desse tipo de censura está enfraquecendo o direito a uma educação livre, plural e informada, prejudicando tanto os estudantes, privados de contato com diferentes realidades e reflexões, quanto os autores, cujas obras são silenciadas por motivos políticos e morais.
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CHADE, Jamil. Tomara que você seja deportado: uma viagem pela distopia americana. São Paulo: Editora Nós, 2025

